No Devagar Depressa dos Tempos. A poesia que inspira o nome desse filme revela, na realidade, uma história real em que sofrimento e escravidão se misturam à alegria e esperança. A produção de 25 minutos foi ambientada na pequena Guaribas, sertão do Piauí, e poderá ser conferida em evento nacional. Neste mês de maio, o Itaú Cultural dedica parte de sua programação à cultura dos sertões, com atrações variadas, que incluem artes cênicas, minicurso sobre literatura sertaneja, seminário e programação infantil. Em razão disso, o Núcleo de Audiovisual e Literatura aproveitou a temática e preparou uma mostra on-line dedicada ao tema, que fica disponível para o público entre os dias 22 de maio e 2 junho., no site www.itaucultural.org.br.
Quem não estiver lá em São Paulo, poderá assistir através da internet algumas produções nacionais que retratam um mundo, por vezes, esquecido e distante. Uma visão de uma parte do Brasil pouco conhecida de muitos brasileiros.
Entre os títulos disponíveis: Meninos e Reis, de Gabriela Romeu; No Devagar Depressa dos Tempos, de Eliza Capai; Vida Maria, de Marcio Ramos; Sophia, de Kennel Rógis; e Morte e Vida Severina, de Afonso Serpa.
As atividades em torno da importância histórica e cultural dessa região do Nordeste brasileiro visam apresentar os repertórios contemporâneos dos sertões, discutindo as construções simbólicas, políticas e econômicas da região. Elas acontecem em celebração ao lançamento da 25ª edição da Revista Observatório, que discute a política cultural e o imaginário em torno dos sertões.
‘No Devagar Depressa dos Tempos’ traz direção de Eliza Capai. Com classificação livre, em apenas 25 minutos revela Guaribas, localizada ao lado da Serra das Confusões, no início, de forma bem triste, onde o tempo da escravidão ainda é frase no presente. Mas à medida que o espectador assiste, percebe que algo começa a mudar. Dando voz a mulheres de duas gerações, o filme mostra como era, é e pode ser a vida de quem acaba de cruzar a linha da miséria. De um lado a seca, o alcoolismo, a violência familiar e a fome. Do outro, a chegada do Estado, renda, educação e autoestima. No embate do que era e do que começa a ser, vislumbra-se um tempo de rápidas mudanças na vagarosidade do tempo local.
‘Vida Maria’, que tem direção de Márcio Ramos, dura apenas 8 minutos. No curta-metragem, Maria José, uma menina de cinco anos de idade, é levada a largar os estudos para trabalhar. Enquanto isso, no decorrer da narrativa, ela cresce, casa, tem filhos e envelhece. A classificação é livre.
‘Meninos e Reis’ mostra o reisado, um dos folguedos mais populares do Cariri cearense. Neles, crianças aprendem a jogar espada com destreza e meninas crescem como rainhas. Mas Maria, a rainha de um dos reisados mais tradicionais da região, está no último ano do posto e encara o drama de passar a coroa para a irmã mais nova, vivendo um verdadeiro rito de passagem. A direção é de Gabriela Romeu e a classificação é de 16 minutos.
‘Sofia’ tem direção de Kennel Rógis. Com duração de 15 minutos, tem classificação livre. Na busca por entender melhor o universo de Sophia, sua mãe, Joana, passa por belíssimas experiências sensoriais. A produção mostra uma singela história de amor cercada de poesia visual e sonora.
‘Morte e Vida Severina’ tem direção de Afonso Serpa. Com duração de 55 minutos e classificação 12 anos, mostra a saga de um retirante nordestino que, como tantos brasileiros, viaja do sertão ao litoral em busca de melhores condições de vida. A história de Severino, contada por meio de versos na obra-prima de João Cabral de Melo Neto, foi adaptada para os quadrinhos pelo cartunista Miguel Falcão e é retratada nesta animação 3D. O desenho animado preserva o texto original e, fiel à aspereza da narrativa e aos traços dos quadrinhos, dá vida aos personagens do livro publicado em 1956. (Por Liliane Pedrosa)