Quem diria que o espaço mais tradicional e popular de Teresina, o Mercado Central, pudesse abrigar uma galeria. Desde sua revitalização, o espaço ganhou um local especial que vem recebendo obras de artistas consagrados e, também, de novos profissionais das artes visuais de dentro e fora do Piauí. E para celebrar essa conquista, está sendo realizada uma coletiva - Exposição 2 - com um pouco de tudo o que passou por lá, desde a sua abertura ao público há dois anos.
O resultado são vários artistas dentro de sua forma de se expressar que ganha nuances diversas e marcas reveladas em obras inusitadas, instalações interessantes e imagens que levam o visitante a passear por um outro aspecto do mercado, muito além do caráter comercial. Segue a linha do contemplar, observar e se envolver com o que está exposto. Um convite a sair totalmente do movimento que toma conta dos corredores e arredores do popular Mercado Velho sempre cheio e repleto de produtos a serem comercializados. “Celebrar os dois anos da Galeria de Artes do Mercado Velho é celebrar muitas exposições temporárias que funcionaram, em média, por 45 dias cada, seis dias na semana, nos turnos manhã e tarde”, diz Guga Carvalho, coordenador de artes visuais da Fundação Monsenhor Chaves.
Ele relata que tudo foi feito pensando nas pessoas que pelo mercado passam. “Nossa intenção com este trabalho é oferecer ao público da cidade, como um todo, um panorama da artes visuais sempre renovado, indo do popular ao contemporâneo, de artistas atuais aos que já faleceram”. Segundo Guga, esta é a décima segunda exposição e a meta é fazer sete, de 45 dias cada, por ano. “Fizemos em 2018 e 2019 seis em cada ano, pois dessas duas duraram o dobro do tempo, que foi a em homenagem a Nonato Oliveira, a primeira, e durou três meses. Muita gente não sabia da galeria e a Entre Rios, que prolongamos por questões estruturais do espaço que passava por uma redefinição”.
E a ideia tem dado tão certo que tem quem não perca nenhuma das exposições, esperando já a próxima. O coordenador destaca uma assídua visitante das mostras. “Um dia desses conheci uma pessoa que me falou que viu todas. Assim, como essa pessoa, há vários que têm o hábito de ir. O público tem aumentado a cada exposição. Há também os permissionários e frequentadores do Mercado Velho e entorno que sempre vão. O mais bacana é que o público é bem democrático”.
A receptividade só aumenta, o que faz com que a preocupação com o que oferecer ao público também seja uma das razões de se estar sempre pensando de que forma trabalhar. “Teresina estava precisando de um espaço de artes visuais com uma programação própria, e fazê-la é um item indispensável para espaços públicos irem atingindo aos poucos a qualidade. Organizar equipes permanentes de monitoria, montagem. Hoje, na galeria, conseguimos articular esses diferentes profissionais que trabalham junto ao artista e o público. A galeria criou, recentemente, também um Instagram, galeriamercadovelho”. (Por Liliane Pedrosa)