SOBRE O LIVRO: a face “Letras da diversidade – Cenas de livre expressão” é um passeio histórico na curva do arco-íris, que se inicia a partir da fundação do Grupo Matizes, em 2002, e I Parada da Diversidade, realizada quarenta dias depois da criação do grupo. O primeiro texto “Parada da Diversidade – Arena de todas as tribos” pontua objetivos, desafios e conquistas, durante esta caminhada multicolorida, política, educativa e bastante reflexiva.
Dão corpo ao livro, outros escritos, ensaios e depoimentos de pessoas que contribuíram, efetivamente, sejam como idealizadores ou executores das diversas atividades relacionadas à Parada da Diversidade e à Semana do Orgulho de Ser: o professor e historiador Solimar Oliveira Lima, o sociólogo Francisco de Oliveira, a professora Shara Jane Holanda Costa Adad e o apresentador oficial da Parada da Diversidade. Nesta face, registra-se, também, parte do acervo iconográfico e fotográfico do Matizes, contemplando as Paradas da Diversidade, Semanas do Orgulho de Ser e outras ações de relevância realizadas durante os 17 anos de atuação do Grupo.
A face “Letras da diversidade – Literatura de livre expressão”: segundo Marleide Lins, “a literatura em que ora nos debruçamos é a das relações humanas, distante das clausuras convencionais que limitam o sentir. São livres expressões. A literatura, per si, como arte da palavra tem o poder de registrar e legitimar as vivências e convivências da humanidade”.
Para alcançar um dos objetivos desta face do livro, fora necessário investigar a considerada produção literária de temática homoafetiva e/ou literatura homoerótica, desde a idade antiga até a contemporaneidade. Importante evidenciar que o livro não pretende adentrar na discussão em torno dos termos que denominam este segmento literário e que por alguns escritores e críticos são questionados. Pretende-se ampliar o universo dos leitores não, tão somente, os que se identificam com o referido segmento. Reflexões, sim, por isso, a considerar as diversas identidades e gênero e a participação de duas escritoras transexuais femininas, não bem se encaixaria, nesta seleção, o atual termo homoliteratura.
O processo de seleção partiu de uma imersão cronológica, de antes de Cristo, a contemplar a poeta grega, Safo de Lesbos. À época, cabiam às mulheres somente suas alcovas. Safo, de família aristocrática, saíra do “armário” e se sobressaíra no fechado universo androcêntrico grego, pela personalidade forte e poética marcante. Outro nome bastante significativo e reconhecido mundialmente, Walt Whitman: o poeta que cantou a si mesmo, e fora homenageado e cantado por tantos outros superlativos poetas, neste livro é homegeado pela “Saudação a Walt Whitman”, de Fernando Pessoa, em seu heterônimo Álvaro de Campos, e pela “Ode a Walt Whitman”, de Federico García Lorca.