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Morre em São Paulo o diretor de teatro Antunes Filho

Antunes foi internado no último dia 22 de abril, após sentir um mal estar. Foi diagnosticado com um câncer de pulmão em estágio avançado.

Morreu, aos 89 anos, Antunes Filho, um dos diretores de teatro mais importantes do país. Ele esteve internado no Hospital Sirio Libanês, em São Paulo, com câncer de pulmão.

Em 1952, Antunes se tornou assistente de direção no Teatro Brasileiro de Comédia, onde trabalhou com renomados diretores estrangeiros, tendo sua estreia profissional no ano seguinte.

No final da década de 50, fundou a companhia Pequeno Teatro de Comédia, que compôs o espetáculo O Diário de Anne Frank, em 1958, sendo premiado como melhor diretor pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e Associação Carioca de Críticos Teatrais (ACCT). Antunes participou do movimento de renovação cênica entre as décadas de 60 e 70.

Foi o primeiro diretor a fazer a montagem de Macunaíma, em 1984. Nos anos 90, passou a dirigir o Centro de Pesquisas Teatrais (CPT), escola de formação para que atores sejam, ao mesmo tempo, intérpretes e dramaturgos.

Despedida

Antunes foi internado no último dia 22 de abril, após sentir um mal estar. Foi diagnosticado com um câncer de pulmão em estágio avançado.

Na última conversa que teve com o diretor e mestre, já internado no Hospital Sírio-Libanês, Danesi disse que falaram sobre arte e espiritualidade. “Como é a cabeça de um artista que vive a vida inteira projetando imagens poéticas e lúdicas para plateia, e como isso vem em momento tão difícil, que é essa passagem, nos salvar disso tudo. A arte e o teatro sempre foram, para ele, esse lugar de compartilhamento e de alguma forma de transformação das coisas terríveis que a gente tem que passar pela vida”, afirmou.

O ator Marcelo Szpector, que trabalhou por 12 anos com Antunes, destacou que, mesmo internado, o diretor ainda mantinha o foco no teatro. “Eu tive com ele poucos dias antes dele ir embora e ainda estava com a cabeça no teatro. Impressionante.”


Legado

O ator Juca de Oliveira, que trabalhou com Antunes pela primeira vez no início da década de 1970 disse ter perdido um grande amigo. “Se não o meu melhor amigo, e meu grande diretor”, lamentou. “Ele conseguiu estabelecer um nível excepcional do ponto de vista de encenação e sobretudo do ponto de vista de interpretação. Ele era um apaixonado pelo teatro e conseguia transmitir essa paixão aos atores”, relembrou sobre o trabalho de Antunes.

O secretário municipal de Cultura de São Paulo, Ale Youssef também foi prestar as últimas homenagens ao artista. “A cultura de São Paulo está de luto. Perdemos um grande mestre que influenciou gerações de atores e atrizes brasileiros”, disse.

O diretor do Sesc de São Paulo, Danilo dos Santos Miranda, deu ênfase no legado deixado pelo diretor. “Uma figura ímpar, que realizou um trabalho não apenas de criação pessoal imenso, na sua forma de fazer e interpretar peças internacionais e sobretudo nacionais, mas ele deixa um legado de formação de novos atores, atrizes e diretores.” ( Por Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil)