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“Sonetos Infames” será lançado na Academia Piauiense de Letras

No livro, o autor reúne sonetos alexandrinos e decassílabos heroicos numa proposta transgressora, que questiona a estética romântica

Gênero, identidade e preconceito são alguns dos temas controversos da atualidade que estão refletidos nos poemas que compõem o livro “Sonetos Infames”, de autoria do escritor, compositor e poeta piauiense Dário P. Castro. A obra faz parte da Coleção Século XXI, iniciativa da Academia Piauiense de Letras (APL, que visa editar obras e revelar novos autores da nossa literatura, e será lançado neste sábado (28), às 10h, na sede da APL.

No livro, o autor reúne sonetos alexandrinos e decassílabos heroicos numa proposta transgressora, que questiona a estética romântica, ovaciona o papel da arte na transformação do homem e do mundo e aborda temas sociais atuais, como questões de gênero, preconceito, intolerância religiosa, entre outros.

O soneto, segundo o autor, é sua forma poética preferida. “O soneto foi abandonado, tratado como coisa estática, sem sentimento. Muitos literatos abraçam a poesia moderna como conceito de liberdade plena, já que veem no soneto um freio para a liberdade dos versos. Eu não vejo assim”, declara.

A transgressão é visível nos temas e no modo como Dário P. Castro lida com a poesia na obra. 

“A poesia não tem que ser bela, amorosa e encantadora. Ela não tem que ser elogiosa e educada. A poesia tem que ser o que ela é. Se suja ou revoltosa, a beleza da poesia é ela ser o que ela é, longe do reflexo do poeta”, afirma.

Em “Sonetos Infames”, Dário adiciona elementos estranhos ao soneto sem que desvirtue a sua forma, métrica e rimas. “Tem aí um soneto de cabeça para baixo, outro que você precisa de um espelho para ler por completo, alguns com rimas internas que podem rearranjar toda a forma do poema e também uma fábula escrita em 10 sonetos. Tem um soneto em que todas as palavras começam com a letra ‘P’. Eu tento desafiar a norma estética, tanto na forma como no conteúdo, e mostrar como entortar todas regras sem precisar quebrar nenhuma”, ressalta.

O convite ao desconforto trazido pelo novo fica bem claro em “Tespalúnias”. O soneto é todo escrito com verbos e substantivos inventados pelo autor. “Tem a sonoridade do soneto, mas a pessoa vai ouvindo e não entende nada. As pessoas estranham porque não conhecem uma palavra sequer, depois questionam se não é outra língua. Antes de eu terminar, eu percebo a inquietação das pessoas. Ao final, revelo que inventei as palavras e todo mundo ri. Alguns até me xingam. É um poema que fala do confronto com o novo, como o estranho e como a gente lida com ele internamente”, analisa.

Autor

Dário P. Castro é jornalista com mestrado em Media, Culture and Society, pelo departamento de sociologia da Universidade de Essex, no Reino Unido. A paixão por filosofia e a formação em sociologia são influências claras na sua mais recente obra.

É autor de Ilusão Perdida (2000), publicado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores do Rio de Janeiro, e das dissertações científicas Nietzsche for Sociology in the Light and Darkness of Postmodernism (2008) e Max Nordau e a Comunicação Social (2005).