O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, deve chegar na tarde desta sexta-feira (11) em São Lourenço do Sul para se reunir com as autoridades locais e a Defesa Civil e traçar os próximos passos para o atendimento às vítimas e reconstrução da cidade destruída pela chuva e por uma forte enxurrada. Oito pessoas morreram, duas mil estão desalojadas e 350 passaram a noite em abrigos, segundo a defesa civil. A chuva atingiu 20 mil pessoas. O prefeito José Daniel Raupp Martins decretou estado de calamidade pública no município.
O vice-governador Beto Grill, que chegou na quinta-feira (10) em São Lourenço do Sul, fez contato com o Ministério da Integração Nacional para pedir auxílio para a reconstrução da cidade e cestas básicas para as famílias atingidas. A energia elétrica já voltou em parte da cidade, mas o abastecimento de água continua interrompido. "Boa parte da cidade está toda destruída. As pessoas perderam casas, mobílias, a situação é de calamidade", diz Amilton Neutzling, coordenador dos trabalhos da Defesa Civil.
A nível da água do Rio São Lourenço baixou nesta sexta-feira. "O rio está praticamente de volta ao leito, só temos algumas áreas alagadas na parte rural da cidade", destaca Neutzling. A queda de duas pontes deixou uma região da cidade isolada. Na quinta-feira, helicópteros fizeram o resgate de quase cem pessoas que estavam nos telhados das casas. "Agora o resgate deverá ser feito por barcos", explicou. Muitos fazendeiros perderam plantações e criações de animais. Uma vaca foi o único animal que sobreviveu da criação de uma fazenda ao se abrigar na copa de uma árvore quando estava sendo arrastada.
Vítimas
Cinco das oito vítimas eram pessoas de mais idade. Um senhor de 80 anos, que chegou a ser socorrido pela Brigada Militar, mas não resistiu e morreu no hospital antes de receber atendimento médico; e uma senhora de 76 anos que foi encontrada morta dentro de sua casa. Ela tinha dificuldades de locomoção e não teria conseguido deixar o local no momento em que o nível das águas do rio São Lourenço subiu. Outra senhora morreu junto com a fílha em casa .
Segundo a prefeitura, na quinta-feira a água chegou a três metros de altura e várias casas foram parcialmente destruídas.
"Nunca tinha visto enchente como essa"
No Iate Clube de São Lourenço do Sul, trailers e barcos foram arrastados por causa da forte correnteza do rio. "Por volta das às 4h da manhã, me acordaram para amarrar os barcos", relata Renato Freitas, funcionário do estabelecimento. "Amarrei mas o trapiche não aguentou. Veleiros, barcos de pesca e escuna saíram água afora e ficaram à deriva na lagoa." A correnteza impede a busca dos barcos. "Faz 40 anos que eu moro aqui e nunca tinha visto uma enchente como essa".
Ainda segundo informações da Defesa Civil, o município vizinho de Turuçu também foi atingido pelas enchentes e a rodovia BR-116 bloqueada após a queda de parte da pista. Por causa da queda da cabeceira de uma ponte, o trânsito está bloqueado entre Sâo Lourenço do Sul e Turuçu.