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Avô do menino Sean Goldman morre no Rio de Janeiro aos 65 anos

Desde 2009, Sean mora com o pai biológico, o norte-americano David Goldman, nos EUA.

O avô materno do menino Sean Goldman, de 10 anos, Raimundo Carneiro Ribeiro Filho, de 65, morreu na noite desta segunda-feira (21), vítima de câncer de pulmão. Segundo Silvana Bianchi, avó de Sean, o marido estava internado há 40 dias no Hospital Copa D?Or, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Desde 2009, Sean mora com o pai biológico, o norte-americano David Goldman, nos EUA. O menino foi entregue ao pai depois de uma luta judicial no Brasil por sua guarda. David iniciou a briga com a família brasileira depois da morte da mãe de Sean, a estilista Bruna Bianchi.

De acordo com Silvana Bianchi, um dos últimos desejos de Raimundo era de poder ver o neto antes de morrer. A família, então, entrou com um pedido na Justiça para que Sean pudesse visitar o avô no hospital. No entanto, segundo ela, esse pedido foi negado. Ela afirmou que não conseguiu comunicar ao neto sobre o falecimento do avô. Abalada, Silvana disse que não vai desistir.

?Meu marido morreu com uma enorme tristeza na alma por causa dessa sentença covarde e injusta. Mesmo lutando contra o câncer, ele nunca deixou de acreditar que veria o neto novamente e o que ele mais queria era vê-lo pela última vez, mas isso não foi possível. Não permitiram que ele visse o neto. Pedimos, mas não foi possível?, disse Silvana.

Ao lado da esposa, Raimundo entrou com vários processos na Justiça para tentar reverter a sentença. Silvana afirmou que ainda é difícil conseguir notícias do neto. Ela lamenta que Sean não poderá comparecer ao enterro do avô: "Só queríamos ele aqui nesse momento", completou.

O corpo de Raimundo será sepultado e velado às 14h desta terça (22), no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. Além da esposa e do neto, ele deixa o filho, Lucas, e a neta, Chiara, de 2 anos.

Irmã no processo

No início de março, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, incluir a irmã de Sean Goldman, Chiara Ribeiro Lins e Silva, 2 anos, como parte interessada no processo que trata da disputa pela guarda do garoto. O pedido de inclusão da irmã foi feito pela defesa dos avós maternos.

O pedido foi feito em 2009, quando Sean ainda estava no Brasil. A defesa pretende usar a presença da menina no processo para reverter a decisão que permitiu Goldman levar o filho para os Estados Unidos. De acordo com o advogado dos avós maternos do garoto, Sérgio Tostes, o Estatuto da Criança e do Adolescente garante a irmãos o direito à convivência. Dessa forma, Chiara seria parte interessada no processo.

Em fevereiro, o pedido de visitação feito pelos avós do menino foi considerado improcedente pela Corte Superior do Estado de Nova Jersey. Segundo a decisão, David Goldman permitiu a visita dos avós com algumas condições ?razoáveis? e estas não foram aceitas. Silvana diz ter acatado todas as condições. Na época, ela e o marido deram entrada no pedido usando o estatuto da visitação dos avós (GVS - Grandparent Visitation Statute) de Nova Jersey.

As condições impostas por David são encerrar os processos na Justiça brasileira que tentem reverter a repatriação de Sean aos Estados Unidos ou a guarda total dele ao pai, os avós, então, deveriam não fazer aparições públicas questionando essas decisões, a duração das visitas e quando deveriam acontecer seria decidido pelo psicólogo de Sean, e que toda a comunicação entre David e os avós maternos fosse confidencial.

Disputa judicial

A briga judicial pela guarda do garoto começou depois da morte de Bruna Bianchi, em 2008. Bruna morreu após o parto da segunda filha. No último dia 22 de fevereiro, a Justiça norte-americana negou o pedido da avó para visitar o neto nos Estados Unidos.

Antes da decisão da Justiça brasileira autorizando a permanência do garoto com o pai biológico, Sean morava no Brasil quase 5 anos, trazido dos Estados Unidos pela mãe. Já no Brasil, Bruna Bianchi se separou de David e se casou com o advogado João Paulo Lins e Silva.

Após a morte de Bruna, o padrasto ficou com a guarda provisória da criança. David Goldman, no entanto, entrou na Justiça e pediu o retorno da criança aos Estados Unidos. Pai, padrasto e avós maternos da criança travaram uma batalha jurídica pela guarda do menino.

O caso começou na Justiça estadual do Rio e depois passou para a competência federal. Goldman alegou que o Brasil violava uma convenção internacional ao negar seu direito à guarda do filho. Já a família brasileira do garoto dizia que, por ?razões socioafetivas?, ele deveria permanecer no país. A justiça brasileira, no entanto, ordenou a entrega do menino ao pai biológico.