Em sequência à ação para fiscalizar as condições de segurança das boates, a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (Smic) interditou mais três estabelecimentos e notificou outro nesta quarta-feira em Porto Alegre (RS). Entre as casas noturnas fechadas está a Planet Music Hall, no bairro Cavalhada, ligada à família do jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho.
Também foram interditadas a Apolo II e a Faça Acontecer. De acordo com a Smic, os três estabelecimentos não possuem alvarás de bombeiro e de funcionamento. Já a Kiss and Fly está em reforma e foi notificada por estar sem alvará dos bombeiros. Ela só poderá ser reaberta quando a documentação estiver em dia.
Procurada pela reportagem, a assessoria da Planet Music Hall negou que a casa tenha relação com o jogador do Atlético-MG. Afirmou ainda que o pedido de alvará está em tramitação na prefeitura e que a casa está fechada para reforma desde dezembro do ano passado. A intenção é reabri-la na metade deste ano.
Em setembro de 2011, dois jovens foram agredidos por seguranças da Planet Music Hall. O local foi comprado em 2009 pela família de Ronaldinho Gaúcho, que assinou o documento de aquisição.
A ação da Smic foi motivada pelo incêndio na boate Kiss que vitimou 239 pessoas. O incidente levou governos e bombeiros a reforçar a fiscalização, especialmente de casas noturnas, em todo o País.
Incêndio na Boate Kiss
Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.
Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.
Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.
Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.
Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.