Se as brasileiras fazem da beleza uma arma contra a crise, a pesquisa da antropóloga norte-americana não diz. O certo é que o país é um paraíso para a venda de cosméticos e produtos de uso pessoal: no ano passado, a indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos faturou mais de US$ 43 bilhões (cerca de R$ 87 bilhões), segundo o instituto Euromonitor.
Isso representa um crescimento de 18,9% em relação ao ano anterior --foi o maior aumento de vendas registrado nos dez principais mercados do mundo. Com uma fatia de 10,1% do mercado global, o Brasil está atrás apenas de Estados Unidos e Japão.
Apesar disso, os preços dos artigos de higiene e cuidados pessoais não têm disparado no Brasil. Nos últimos 12 meses, subiram apenas um pouquinho mais do que a inflação, estando virtualmente empatados: a variação foi de 6,01% nessa categoria, de agosto de 2011 a julho de 2012, para uma inflação média de 5,65% no período, de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas.
O comportamento dos preços de produtos especificamente ligados à beleza foi até melhor para o consumidor: esmaltes para unha subiram apenas 1,41%; protetores (filtro solar, hidratante), 1,28%; e artigos de maquiagem subiram em média 4,22%.
O economista André Braz, 41, da FGV, destaca que os preços analisados são apenas de produtos nacionais. "Quem compra produto importado pode ter pago um valor bem maior por causa das últimas desvalorizações do real em relação ao dólar", diz.
Mesmo aumentos maiores, porém, talvez não desviem os recursos dos consumidores dos produtos de beleza. É o que indica o comportamento dos preços de serviços como barbearias e salões de beleza, que subiram mais do que a inflação --média de 7,75% nos últimos 12 meses.
"Isso mostra que o aquecimento na renda tem dado um fôlego extra para as famílias incorporarem algo que não incluíam em sua cesta de produtos", diz Braz. "Serviços não têm como aumentar seus preços se não houver demanda", resume.