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Brasília: Carnaval de humor com a vida política do País

O Pacotão faz sátiras políticas com caricaturas e alas improvisadas

Há 33 anos, o Pacotão, bloco mais tradicional de Brasília, concentra os foliões que querem comemorar o Carnaval de maneira irreverente. Com sátiras políticas, marchinhas, caricaturas e alas improvisadas, o bloco reuniu cerca de duas mil pessoas este ano. A presidenta Dilma Rousseff é uma das principais figuras políticas ironizadas pelo bloco.

O Pacotão foi criado em 1978 por um grupo de jornalistas como forma de protesto contra a ditadura militar. O nome é uma crítica ao pacote de medidas que alteravam as regras das eleições, conhecido como Pacote de Abril, criado pelo então presidente da República general Ernesto Geisel, em 1977.

O bloco saiu por volta das 15h30 da concentração, na entrequadra 302/303 norte, e seguiu pela contramão da Avenida W3, em direção à 504 Sul.



As irmãs Irone e Iridan Queiroz participam do bloco desde o início e, há mais de 30 anos, vestem-se com fantasias iguais. "Sempre saio pareada com a minha irmã. Morei muito tempo no Rio e resolvi fazer aqui o que duas irmãs, que hoje têm 90 anos, faziam durante o Carnaval da Banda de Ipanema", afirmou a jornalista Irone, que também cuida do acervo fotográfico do bloco.

O corretor de seguros Jafé Tôrres é outro veterano do Pacotão, mas desde 1993 tornou-se presença confirmada do bloco. Há 18 Carnavais, ele veste o terno branco e usa topete para se caracterizar de uma das figuras políticas mais satirizadas do País, o ex-presidente da República Itamar Franco. "Estou aqui desde a fundação do bloco. A primeira vez que me vesti de Itamar, vim de Fusca. Foi ótimo, depois disso, não parei mais", disse.

Para o músico Milton Sá, o Pacotão é um bloco que reúne as pessoas para aproveitar o Carnaval de maneira descontraída. "É um bloco que não pode acabar. As pessoas se concentram para ver isso daqui. O pessoal da organização deveria fazer camisetas do bloco e outros eventos ao longo do ano para continuar com a tradição", falou.

Pauline Seidler, que faz mestrado em agronegócio, começou a frequentar o bloco há três anos. "É bom manter a tradição, pois a gente fica perdido no Carnaval de Brasília que não é muito tradicional. O bloco é muito divertido, sempre discutindo as questões políticas".