O preparador de goleiros Roberto Barbosa, o Robertinho, conviveu diariamente com Bruno no Flamengo durante quase quatro anos e pode falar como poucos sobre o temperamento do arqueiro de sucesso que se tornou um dos principais acusados do desaparecimento da sua ex-amante Eliza Samudio. Em entrevista ao SporTV, Robertinho se disse muito triste com o que aconteceu, segurou a emoção em alguns momentos e revela que Bruno mudava de humor constantemente desde quando o conheceu.
- Tinha dias de ele estar muito acelerado. Isso anos atrás. Essa garota não fazia parte de plano nenhum na vida dele e acho que de ninguém aqui no Rio de Janeiro, acho que ela nem era conhecida. Então eu já conhecia esse Bruno de pegar, abraçar todo mundo, dar beijo em todo mundo, de dar até dinheiro para algumas pessoas, e no outro dia ele chegar uma pessoa muito mais séria. Então, eu nunca prestei atenção em mudança de comportamento nenhum, porque esse comportamento de estar um dia de um jeito e no outro estar de outro já era normal - afirmou.
Segundo Robertinho, nem todos tinham coragem de falar o que pensavam com o goleiro:
- Muita gente não tinha respeito pelo Bruno, tinha medo. Muita gente queria falar uma verdade para ele, mas passava a mão na cabeça.
O preparador lembra que os planos para o goleiro eram o contrário do que vem ocorrendo agora:
- É muito triste ver o Bruno algemado, todo de laranja, sendo xingado por muitas pessoas que o aplaudiam, que elogiavam o Bruno. O que nós traçamos era completamente o inverso daquilo tudo ali. Era ele ser ovacionado pela torcida como o melhor goleiro, como um goleiro acima da média.
Sobre o último jogo pelo Flamengo, quando levou dois gols contra o Goiás que não costumava deixar passar, no dia em que a Polícia afirma que Eliza desapareceu, Robertinho disse que não tinha como relacionar isso a alguma situação extracampo:
- Hoje o Bruno não está bem, mas isso já acontecia anos atrás. Então eu não tinha como detectar a raiz, o problema, "Pô, o Bruno hoje está com esse jeito, porque teve um problema com fulano de tal". Não sei.
Em relação a Eliza, Robertinho afirma que tentou fazê-lo minimizar o problema com relação à pensão que ela exigia para o filho que dizia ser do goleiro:
- As poucas vezes em que eu comentei alguma coisa com ele a esse respeito foi só o que eu vou repetir para você: "Cara, é simplesmente uma pensão a mais. Isso não é nada para você. Esquece isso, é besteira. Tem outros grandes jogadores, empresários, hoje isso é comum. Você pode pagar uma coisa insignificante para você".
Perguntado se então isso estaria perturbando a cabeça do goleiro, Robertinho disse que não foi o único a dar o conselho, pois amigos de Bruno fizeram o mesmo, para se concentrar mais na sua profissão, em melhorar seu desempenho para ser de verdade um goleiro de ponta, "que ele tinha tudo para ser".
- Eu ainda não consigo, sinceramente, convivendo com o Bruno ao longo de quase quatro anos e conhecendo tão bem ele como eu conhecia... eu não via no homem que o Bruno foi durante esse período em que nós trabalhamos juntos ele capaz de cometer um crime ou de articular um crime. Para falar a verdade eu não quero nem acreditar nessa situação. Eu gostaria que isso fosse um pesadelo e que todos nós acordássemos e encontrássemos uma outra realidade, a vida normalmente. Mas eu vejo que não é um pesadelo, é real.