A saga da polêmica em torno da prévia autorização para biografias parece não ter fim. Agora é Caetano Veloso quem protagoniza o novo episódio. ?Mesmo que Roberto Carlos nunca mais queira me ver, continuarei amando quem fez Fera ferida e Esse cara sou eu?, escreveu, em tom conciliador, o cantor baiano em sua coluna dominical num jornal carioca. O artigo ? que também aborda a trajetória do músico norte-americano Lou Reed, morto no último dia 27 ? tem um desfecho controverso ?Paulinha (Lavigne) não gostou do que escrevi sobre o Rei. Mas acho que não tomo jeito, não vou mudar, esse caso não tem solução. Eu tinha feito muito esforço para defender a parte que acho defensável de uma causa que me estranha. Peço perdão?.
As desculpas de Caetano referem-se às críticas contra Roberto: ?RC só apareceu agora, quando da mudança de tom. Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei?. A alfinetada veio após a liberação de um vídeo capitaneado por Roberto Carlos, em que ele, Erasmo Carlos e Gilberto Gil pediram desculpas pela falta de clareza nas primeiras declarações. O discurso mais ameno das últimas semanas era a favor de biografias não autorizadas, mas com limites.
E eles não estão sozinhos. Thiago de Mello, poeta e autor do antológico Os estatutos do homem, é direto: ?O que não pode existir nessas biografias é a calúnia, mas elas não necessitam de autorização. Nada mais livre que a criação artística. Os músicos sabem disso, pois cantaram a liberdade em suas composições.?
Vicência Tahan, filha caçula da escritora Cora Coralina, também é a favor da liberdade de expressão. ?Se o biógrafo pedir palpite, claro que biografado dirá coisas ao seu favor. Então é melhor que escrevam o que quiser. Se existir algo na obra que manche a reputação da pessoa, então ela pode entrar na Justiça e reivindicar seus direitos.? Mas ela destaca: ?Acho muito bobo tudo isso que está acontecendo. Espero que os nossos cantores desistam de tanta besteira.?
O grupo Procure Saber (movimento informal de estrelas da música brasileira), que nasceu com a posição taxativa de manter a exigência de autorização prévia para biografias, teve o primeira grande crise com a saída de Roberto Carlos, na última terça-feira (5/11). Contudo, a desistência do Rei é só uma amostra dos conflitos internos do grupo, que também contou com um pedido de desculpas de Chico Buarque. Num primeiro momento, o cantor carioca disse nunca ter dado entrevista para a o livro Roberto Carlos em detalhes, de Paulo César Araújo. Após ser desmentido com vídeos e fotografias, Chico assumiu a conversa com Paulo César e se retratou. A novela do Procure Saber está perdendo audiência, mas ainda longe do fim.