Carolina Dieckmann não convenceu como a mocinha de Passione. Na pele de Diana, a atriz passou mais de 100 capítulos da história de Silvio de Abreu com uma total falta de expressividade como a sofredora jornalista dividida entre dois amores. Com tamanha apatia, a morte da personagem de Carolina - prevista para o dia 9 de outubro - varre da história uma protagonista que não deu certo. Em contrapartida, a saída da personagem abre caminho para a carismática Mariana Ximenes se destacar ainda mais como a ardilosa Clara. A personagem, que começou a história armando golpes ao lado de Fred, de Reynaldo Gianecchini, logo começou a dar sinais de que cometia maldades por uma causa nobre: ajudar a irmã Kelly, de Carol Macedo. Isso deu uma espécie de "habeas corpus" às atrocidades cometidas por Clara. Foi dessa forma que a personagem de Mariana começou a assumir outras posições na história.
De vilã com trajes justos e sumários de garota de programa de calçada, Clara tentou enganar Totó, de Tony Ramos, conseguiu ser odiada por quase todos os personagens, e teve o mérito de virar o jogo. Mariana percorreu a passos largos e com vantagem uma maratona de cenas onde se saiu soberana ao mostrar que tem recursos para expressar sutilezas em sua mudança de comportamento de vilã a quase mocinha. Na metade da história, já provou que pode assumir o lugar que Carolina Dieckmann deveria ter tido como a intérprete da boa moça de Passione.
Se Silvio de Abreu já previa a morte de um personagem, ficou claro para o autor que a retirada de Diana poderia dar um fôlego à produção. Principalmente por gerar o suspense de que Diana teria sido morta por Gerson por ser a única que conhecia o temido segredo de seu ex-marido, interpretado por Marcelo Anthony.
Enquanto Diana, de Carolina Dieckmann, tentou dar uma de detetive ao longo da história e apenas conseguiu se transformar numa mocinha antipática, Mariana Ximenes, como Clara, foi conquistando pelo carisma a cada cena, pelo gingado de quem consegue dar conta de uma personagem que pode se desdobrar em duas - ou mais.
Em seu rastro, a única intérprete que tem trilhado um caminho com destaque na história é a estreante Mayana Moura, como a elegante e calculista Melina. Com sua postura de top model internacional que entra na passarela para encerrar os mais badalados desfiles, a longilínea está à vontade em sua ascendente interpretação na trama, sob os olhares atentos da diretora Denise Saraceni. Nesta mudança de fase, Silvio tem conseguido mostrar o que mais domina nos folhetins: manter o suspense de forma calculada para erguer aos poucos a audiência que se estabiliza com 36 pontos de média.