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Daniel Radcliffe vive amigo apaixonado na agradável comédia romântica "Será Que?"

Como é quase certo que todos algum dia já passaram ou passarão por isso, não é difícil para o público se identificar com Wallace

Apaixonar-se pelo melhor amigo(a) é uma droga. Como é quase certo que todos algum dia já passaram ou passarão por isso, não é difícil para o público se identificar com Wallace, protagonista interpretado por Daniel Radcliffe em "Será Que"? (2013), que estreia nesta quinta (25).

No filme de Michael Dowse, o ator dá vida a um jovem inglês que abandonou a faculdade de Medicina e ainda sofre com o rompimento de seu namoro quando conhece a animadora Chantry (Zoe Kazan) em uma festa, em Toronto.

A sintonia entre os dois é instantânea e eles passam a noite conversando. Até que, ao levá-la para casa, o rapaz é surpreendido: a garota já tem namorado —e de longa data— e propõe que sejam amigos. Wallace desiste dela no início, mas, ao encontrá-la ocasionalmente no cinema, não resiste e engata uma amizade com Chantry.

Na ocasião, o personagem foi assistir a seu filme preferido, "A Princesa Prometida" (1987), de Rob Reiner, diretor de outro longa que é, claramente, uma referência para este: "Harry & Sally - Feitos um Para o Outro" (1989).

Alçado à categoria de clássico, a comédia romântica protagonizada por Meg Ryan e Billy Crystal foi seguida desde então por uma série de outras produções voltadas à questão da (im)possibilidade de homens e mulheres serem apenas amigos. E, nos últimos tempos, é notável a variação do tema em "Amizade Colorida" (2010) e "Sexo Sem Compromisso" (2010), quando também há envolvimento sexual na relação.

Apesar de ser um assunto tão recorrente nas telas, "Será Que"? tem como vantagem revisitá-lo de uma maneira bem agradável para o espectador. O roteiro de Elan Mastai, que adapta a peça "Toothpaste and Cigars", de T.J. Dawe e Michale Rinaldi, apela para o humor físico em raros momentos, já que o foco de sua comicidade está no próprio texto.

Os diálogos rápidos, sarcásticos e precisamente em sintonia do casal de protagonistas é envolvente, mesmo que fujam um pouco da realidade. Somados à animação dos desenhos da protagonista, que trabalha na área, e à trilha sonora indie, com direito a Edward Sharpe and Magnetic Zeros e Palma Violets, é impossível não vir à memória o clima de "(500) Dias com Ela" (2009).

No rastro da última comédia romântica cult, o novo trabalho de Michael Dowse, diretor de "Uma Noite Mais que Louca" (2011) e "Os Brutamontes" (2011), subverte alguns clichês do gênero. A sequência clássica do aeroporto é uma delas, assim como o cuidado em não personificar o antagonista como um canalha; Ben (Rafe Spall) pode até não ser um noivo totalmente interessante, mas está sempre preocupado com sua relação, mesmo estando distante de Chantry, quando viaja a trabalho para Dublin. Embora ceda um pouco em seu desfecho mais otimista, o filme ainda mantém um frescor ao dar a sua personagem feminina a chance de não desprezar sua própria carreira.

Zoe Kazan —neta do grande cineasta Elia Kazan—, aliás, é certeira no tom cômico de sua Chantry, como fez também em "Ruby Sparks: A Namorada Perfeita" (2012), firmando seu talento para comédias leves. Também conta a boa química entre ela e seu companheiro em cena, que não chega a atingir o mesmo nível dela aqui. Ainda assim, Daniel Radcliffe entrega uma performance carismática o suficiente para distrair o público de seu passado como Harry Potter.

Porém, é Adam Driver na pele de Allan, amigo de Wallace, o dono de algumas das melhores gags do longa. Uma prova do futuro promissor que aguarda o ator da série "Girls" (2012-) e de "Frances Ha" (2012), que estará no próximo episódio da saga "Star Wars", previsto para 2015.




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