No dia 2 de março de 1996, a colisão de um jatinho contra a Serra da Canteira interrompeu um conto de fadas moderno e impôs o luto a milhões de crianças e jovens brasileiros. Era o fim da trajetória meteórica dos Mamonas Assassinas, um grupo de cinco rapazes que precisou de apenas sete meses para conquistar o país graças a um misto de irreverência, espontaneidade e falta de pudor. Quinze anos depois, o documentário ?Mamonas Pra Sempre?, que estreia nos cinemas no dia 10 de junho, leva os fãs a reviverem a contagiante alegria da banda, na mesma medida em que resgata a dor da perda de um ente querido.
É surpreendente a diversidade do acervo de imagens no documentário, se for considerado o breve período de vida do grupo. Apesar de curta, a carreira dos Mamonas Assassinas foi registrada à exaustão, seja através de lentes amadoras ou dos programas de auditório que pegavam carona no sucesso do grupo para alavancar o ibope nas tardes de domingo. Essa exposição impulsionou ainda mais os rapazes de Guarulhos, que chegavam a fazer mais de um show por dia.
A pesada rotina de apresentações era o que menos incomodava aquela garotada. Por outro lado, não se pode dizer o mesmo sobre a distância da família e dos amigos. Eis que os meninos que cantavam sobre uma tal Brasília amarela descobriram os benefícios do jatinho, um artigo de luxo destinado a ricos e famosos. Agora, era possível tocar em qualquer canto do país e voltar para casa no mesmo dia. E assim foi até o fim.
A linha condutora do documentário é composta por depoimentos de familiares, amigos, produtores e empresários do grupo. O "protagonista" dessa narrativa é o produtor Rick Bonadio, que acompanhou os rapazes desde os tempos de ?Utopia? ? a banda que deu origem aos Mamonas. Ele lembra que a banda explodiu a despeito de qualquer tendência mercadológica, num momento de crise da indústria fonográfica.