O talento de organizadores e de participantes ajuda a desfazer o preconceito de quem acha que só Rio e São Paulo lançam moda. O Dragão Fashion, que se realiza pela 13ª vez em Fortaleza entre os dias 09 e 13 de abril, cumpre o papel de afirmar que vale a pena se deslocar do Sul para o Ceará para ver desfiles cheios de notícias.
Falo como quem vive de moda, já que é obvio que o estado tem praias maravilhosas, clima ensolarado e comida deliciosa - para quem faz turismo, é imperdível. Só que o povo da moda nem vai à praia, mal come, vive no ar condicionado das salas escuras de desfiles.
Para estes especialistas, o Dragão traz nomes como Mark Greiner, Ronaldo Silvestre, Kallil Nepomuceno, Marcussoon, a novinha Danielly Narimato, a mineira Clair e muitos acontecimentos que devem contribuir para renovar a moda Brasil.
Como o reality show de criação liderado por Jum Nakao - durante uma semana Jum está trancado em uma sala envidraçada, juntamente com artesãs, designers, joalheiros e artistas plásticos, criando uma coleção ali, ao vivo, documentado por câmeras.
Outra ação promissora, apesar de menos inédita, é o concurso de novos talentos, entre alunos das faculdades de moda de vários estados: muitos ex-participantes já trabalham no setor, nas indústrias e estúdios da região, para grande orgulho de Claudio Silveira, diretor do Dragão.
Os desfiles
As três salas estão ocupadas desde segunda-feira (9), e a agenda se encerra na sexta (13), à noite, justamente com o desfile da coleção de Jum Nakao. Até agora, Mark Greiner foi um dos destaques, pela beleza e qualidade dos modelos inspirados no...sofrimento!
Saias montadas em pregas, cristais aplicados em profusão, longos e barras trabalhadas, todos com arranjos de cabeça assinados por uma designer de abajures, um espetáculo que seria mais um de roupa festiva, se não houvesse a performance final de Daniel Peixoto, cantor meio Bowie, dançando entre as modelos.
Clair apresentou o máximo em tricô e crochê, vestidos curtos e longos e tons de pele, Marcussoon encantou pelos estilos combinação em sedas violetas e rendas negras; Danielly Narimato (a jovem premiada no concurso da Lycra) e Ronaldo Silvestre apostaram em temas aprisionantes e restritivos - ela, na insegurança urbana moderna e ele, no mágico Houdini, que se livrava de amarras, correntes e cintos. Foram boas imagens, em torno do jeans - será que o Houdini se livraria em menos de um segundo da gaiola de jeans do Silvestre?
Estranhamente, há pouca moda praia no evento. A Mar del Castro supre esta vaga, com maiôs na linha luxo, até sungas em lycra azul com lurex. O grande sucesso na cidade é Kallil Nepomuceno, que faz alta costura. Longos rebordados, curtos de saias fofas, um arsenal de luxo que se mantém na proposta do Dragão: é artesanal, autoral e do Ceará.