Sabe que quando você me perguntou qual foi o meu xaveco inesquecível eu pensei: "Nossa, se alguém me xavecou um dia acho que passou despercebido". Ou então eu já estava decidida, antes, a ficar com a pessoa, e aí qualquer coisa que ela tivesse dito ia dar em uma pegada mesmo. A questão é que sempre fui do tipo caçadora, estrategista para ser mais exata. E a maneira como eu xavequei meu namorado é um ótimo exemplo disso.
Ele não é brasileiro, estava aqui fazia uns 15 dias quando o conheci na imobiliária de uma amiga minha. Eu estava lá só de passagem, mas ele havia ido até lá para pesquisar preços de imóveis e saber como era Camburiú, pois viria em breve morar aqui. Enquanto ele perguntava, eu o observava de outra mesa. E gostei tanto dele que chamei a secretária de canto e combinei que ela me apresentaria a ele como guia turístico na cidade. Pra parecer verdade ela imprimiu um cartãozinho, às pressas, com meu nome e telefone, tudo certinho. Aí, ela entregou a ele dizendo que meus serviços seriam uma cortesia da imobiliária. Vai vendo.
Minha amiga ficou de boca aberta, não acreditou naquilo. Mas eu fui lá, mostrei tudo a ele: teleférico, museu marítimo, praia dos amores e, no início da noite, disse a ele que o melhor restaurante da região ficava pertinho de onde estávamos - e é lógico que ele me convidou para ir lá.
Depois do jantar, agradeci dizendo que, agora, eu iria mostrar a ele o último ponto turístico da cidade: o melhor motel da região! Bom, acho que ele gostou desse passeio também, pois estamos juntos até hoje. Difícil foi contar a ele quem eu realmente era e todo o meu "passado de convento", mas, o amor supera e isso já é outra história.
DICA DO RAMPA
Você namoraria uma ex-garota de programa? Calma, vamos deixar essa discussão mais verossímil, você tem (ou já teve) ciúme do passado de sua namorada? Temos aqui uma questão muito masculina e coletiva: homens querem, na grande maioria, que suas mulheres tenham tido um passado de santa. Mas isso é uma bobagem e eu vou explicar por quê.
Quando gostamos muito de uma mulher, quando nos apaixonamos, gostamos, sem saber, também do passado dela. Isso porque nós somos um produto final de tudo o que vivemos na vida. Se ela dirige bem, se conhece de vinhos e futebol, se é boa de cama, se gosta de filmes europeus, se aprecia uma boa música, perceba que, com certeza, boa parte disso ela aprendeu, sim, com outros homens. Em vez de ódio, tenha carinho pelo passado de sua brota, pois é graças a este passado que ela é assim, tão interessante, tão especial, tão sua.
assinado por: Vanessa de Oliveira, escritora e ex-garota de programa