Fábio Assunção barrigudo, papudo e meio careca. Adriana Esteves com o rosto cheio de rugas e os cabelos grisalhos e desgrenhados. É assim que os dois atores vão aparecer na parte final da minissérie de cinco episódios "Dalva e Herivelto -Uma Canção de Amor", de Maria Adelaide Amaral, que estreia amanhã na Globo.
Para interpretar dois importantes nomes da música brasileira, Herivelto Martins (1912-1992) e Dalva de Oliveira (1917-1972) --que foram casados durante mais de dez anos e fizeram sucesso na era de ouro do rádio, entre as décadas de 30 e 50, e mesmo depois dela--, Assunção, 38, e Esteves, 40, tiveram que envelhecer quase 40 anos. Os cinco episódios percorrem na história um período que vai de 1936 a 1972, ano em que Dalva morreu.
"Tivemos que criar essa prótese para o Fábio, que o deixou papudo. Além disso, clareamos suas sobrancelhas, aumentamos as entradas do cabelo e deixamos seu bigode igual ao do Herivelto", conta a maquiadora Anna Van Steen, que tem no currículo filmes como "Carandiru", "Cidade de Deus" e "Ensaio sobre a Cegueira".
Steen explica que seu trabalho começa sempre pelos cabelos dos personagens. "Aprendi com Betty Faria que televisão é 3x4. Começar pelos cabelos me inspira para todo o resto."
Ela trabalhou com uma equipe de sete maquiadoras fixas, além de outras 13 colaboradoras. Para tornar o elenco de 38 atores o mais parecido possível com os personagens reais, reuniu mais de mil fotos.
"Quando interpreto o Herivelto mais velho, com a prótese no pescoço, com a barriga postiça, com as entradas maiores, isso me faz sentir pesado, mais lento, mais velho", diz Assunção, que faz seu primeiro trabalho desde que deixou a novela "Negócios da China", em 2008, para se tratar da dependência de drogas.
E toda a caracterização precisa estar em sintonia com a época da minissérie. Na década de 40, nenhuma mulher usava maquiagem azul, por exemplo. "Um tom muito comum nessa época, que nós adotamos em "Dalva", foi o amarelo, que hoje ninguém mais usa", diz Steen.
A figurinista de "Dalva" é a experiente Marília Carneiro, que fez os filmes "Se Eu Fosse Você 2", "Os Desafinados" e "Tempos de Paz", além da minissérie "Maysa". "Tentei chegar a um realismo máximo em "Dalva", principalmente por causa de sua origem pobre e da vida sofrida que teve", diz.
Adriana Esteves tem, na minissérie, 92 peças de roupa. A maioria foi desenhada por Carneiro e por sua equipe de sete assistentes, mas uma parte foi comprada em brechós.
Para os momentos finais da minissérie, quando Dalva morre, o figurino dos personagens foi feito com cores frias. "No fim é tudo cinza, concreto, pálido. Como num hospital."