O padrasto do adolescente de 17 anos que teria chantageado Carolina Dieckmann para não publicar as fotos da atriz nua, afirmou que seu enteado é inocente e que pretende entrar a com uma ação por danos morais contra a atriz. ?O sofrimento foi grande demais. Essa injustiça afetou não só a vida dele, mas também de toda a família?, disse em entrevista o padrasto, que também é advogado.
O caso teve repercussão nacional e gerou uma mudança na legislação. Nesta terça-feira (2) entrou em vigor a Lei A lei 12.737 de 2012, a chamada lei ?Carolina Dieckmann?, que, entre outras coisas, torna crime a invasão de aparelhos eletrônicos para obtenção de dados particulares.
Além do adolescente, que é de Bauru (SP), outras duas pessoas estariam envolvidas no caso da atriz. Um jovem de Minas Gerais, suspeito de invadir o computador de Dieckmann e outro jovem, de 25 anos, morador de Macatuba (SP), que teria compartilhado as fotos da atriz.
O padrasto do adolescente, que teve sua identidade preservada, contou que tem um dossiê montado com tudo o que tem sido veiculado pela imprensa e falado pela polícia sobre o enteado. ?Ele foi massacrado e ficou muito abalado com a situação e a exposição do caso. A mãe dele teve que dar resposta para tudo o que saiu na mídia essa injustiça modificou demais a vida dos dois?, conta. ?Nós acompanhamos as notícias que saíram na mídia sobre o caso e estamos conversando com os outros advogados dos supostos envolvidos. Vamos pedir danos morais, mas estamos estudando a situação com calma para que a ação seja bem colocada?, diz.
Ainda de acordo com o padrasto, na época, um documento teria sido entregue a um vizinho convidando o menor para uma conversa informal na delegacia de Bauru. Segundo ele, o documento não tinha validade, já que foi expedido por um órgão de outro estado, a Polícia Civil do Rio de Janeiro. ?Ele é inocente, não tem porque ir até a delegacia prestar depoimento?, declarou.
Investigações
Conforme as investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro realizadas na época do crime, o menor morador de Bauru era suspeito de exigir R$ 10 mil para não divulgar as fotos da atriz. No entanto, segundo Sidiney Nery de Santa Cruz, advogado de defesa do adolescente, o processo não retornou para as mãos da defesa. ?Ele não foi ouvido. Uma precatória foi enviada pelo Rio de Janeiro com cerca de 20 indagações, mas como não tivemos acesso a nada, acreditamos que ele não tinha condição de responder as perguntas e fizemos uma solicitação de cópia de todo o processo. Esse documento não voltou até hoje?, afirma.
O advogado José Antônio Milagre, que representa outro acusado pelo crime, Diego Fernando Cruz, alega que também não teve acesso às investigações. Diego é morador de Macatuba, interior de São Paulo, e teria recebido e compartilhado as fotos na internet. ?Pelo o que temos acompanhado, não existe processo criminal e não fomos chamados para mais nada até agora. Até o momento, não há uma conclusão do processo?, explica o advogado.
Na casa do Diego, diversos computadores foram apreendidos durante o mandado de busca e apreensão efetuado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro no ano passado. Além do PC do suspeito, segundo o advogado, outros computadores pertencentes à família também foram levados para investigação. ?Hoje, trabalhamos para ter acesso ao mandado de busca e apreensão expedido para a casa do Diego e o laudo da perícia. Não tivemos acesso a nada?, conta.
Além disso, para os dois advogados dos acusados, o caso não será punido conforme a lei que entrou em vigor. Segundo Milagre, se punidos, os jovens podem ser enquadrados nos crimes de difamação, que permite aplicação de penas socioeducativas. ?Pela experiência que tenho, nenhuma medida será tomada porque se tivesse que ser feita, alguma providência já teria sido divulgada e alguma prova efetiva já teria sido apresentada?, complementa Sidiney.
?Não vai dar em nada. Não existe nem processo contra eles, é uma investigação que não termina nunca e não sabemos também a posição da atriz. Pessoas não foram condenadas, mas apesar de não ter dado em nada, já deu. A vida deles foi prejudicada por um pré-julgamento sem uma investigação profunda?, acredita o advogado de Diego.