Aos 36 anos, Bruno Gagliasso olha para o passado e consegue vislumbrar seus acertos e erros com autocrítica. Coisas que só a maturidade traz aos homens de sorte. No caso do ator, ela veio com a chegada da filha, Chissomo Ewbank Gagliasso. “Hoje consigo enxergar as coisas como antes não conseguia. Não me justifico, mas a gente cresce, amadurece, aprende. Não existe perfeição, isso é apenas uma idealização. Vivemos, sim, em uma sociedade machista, racista e hipócrita. Só consegui tomar uma consciência real de tudo isso com a chegada da minha filha”, admite.
Chissomo, ou Títi, foi adotada em seu país natal, o Malawi, por Bruno e Giovanna Ewbank. Títi é negra, já sofreu ataques racistas nas redes sociais e desperta no pai seus instintos mais leoninos. Despertou também sua consciência para uma causa tão essencial e tão negligenciada no Brasil, mudou seu olhar e o transformou em um constante questionador. “O princípio de qualquer mudança tem que vir pela educação, esse é o caminho. Contar essa história de maneira diferente. A cultura negra que aprendi na escola, por exemplo, começa só com a escravidão – e é só isso que fica. Por que não sabemos mais sobre a história da África anterior a isso? É muito delicado falar sobre isso. Eu não sou negro, mas minha filha é. Não falar sobre isso é se omitir” declara.
No dia em que Bruno fotografava este ensaio em Milão, tweets seus de 2009 foram resgatados sugerindo machismo e homofobia logo depois de ele ter questionado o Youtuber Júlio Cocielo, do canal Canalha, que fez comentários racistas. Bruno assumiu seus erros, ponderou que o ocorrido tinha acontecido há quase dez anos, e que tinha mudado desde então. “Quero que minha filha tenha orgulho. Por isso quero que minha história seja a melhor possível, me esforço diariamente para isso, sem apagar nada. Estou pronto para discutir, para entender por que falei ou fiz isso ou aquilo…”
No fim deste ano, Bruno volta ao horário nobre da Rede Globo com a novela O Sétimo Guardião, de Aguinaldo Silva. Nos cinemas, estreia Todas as Canções de Amor, da diretora Joana Mariani, e filmou Marighella, dirigido por Wagner Moura - para quem ele respondeu uma entrevista que você confere na edição de agosto da GQ, a partir desta quinta-feira (2) nas bancas.