O corpo do ator e diretor Milton Gonçalves, ícone da TV brasileira, foi levado para cremação por volta das 15h50 desta terça-feira (31) no Cemitério e Crematório da Penitência, no Caju. Antes, parentes e amigos próximos participaram de uma despedida. As informações são do g1.
Mais cedo, aconteceu o velório no Theatro Municipal, no Centro da cidade. Uma camisa do Flamengo, time de coração do veterano, foi colocada sobre o caixão. Fãs também deixaram uma bandeira e um boné e cantaram "Eu sei que vou te amar" ao final da cerimônia.
Maurício Gonçalves, ator como o pai, diz que Milton o ensinou a entrar em qualquer lugar "de cabeça erguida". Maurício lembrou a luta dele e de outro amigo e contemporâneo de seu pai pelo espaço dos negros no mercado de trabalho.
"Ele e outro sujeito que vou falar aqui, Joel Rufino dos Santos, batalharam tanto e não viram essa portinha se abrindo. Isso é a coisa que me deixa um pouco triste. Mas ele fez o que tinha que ser feito e tá lá no céu".
A filha Alda contou ainda que a família está preparando um documentário sobre a vida do ator.
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"A gente está colhendo dados para um documentário dirigido pelo Pilar, contando essa história um pouco mais sobre o ponto de vista familiar, do pai amoroso, marido amoroso, do irmão que ele foi, e que ele é e que ele será para sempre ", contou. Segundo ela, o pai sabia da produção.
O ator Lázaro Ramos esteve no Municipal e relembrou que, recentemente, esteve no local para se despedir de Ruth de Souza e Elza Soares.
“É a pessoa que abriu o caminho para eu chegar onde eu cheguei. Se eu sou ator, se eu tenho alguma ativação política, é muito pela voz que ele abriu pra todos nós. A gente precisa aplaudir muito, porque ele contribuiu muito para a história artística do nosso país”, disse.
Toni Tornado foi à despedida de roupa branca, um pedido que havia sido feito pelo próprio Milton.
“É muito difícil porque ele foi a pessoa mais importante dentro desse movimento. Eu só vim de branco porque ouvi isso dele: 'no meu enterro eu quero as pessoas de branco'. E eu não esqueci isso jamais, apesar de ser mais velho do que ele”.
O ator Antônio Pitanga, amigo de Milton desde os anos 50 e companheiro de cena durante toda a vida, lembrou da trajetória de ambos e definiu o ator como um "gigante".
"Gigante porque ainda em vida, saindo da vida para entrar para a história, continuou lutando. Uma nobreza daquelas que te banha de riqueza e de referência. Faz parte dessa luta nossa, que ainda travamos, seja do negro, seja da mulher, seja do indígena: o Milton estava lá".
Para o ator Mateus Solano, Milton deixa um legado imenso para a classe artística.
“O legado que ele deixa é o legado que todo artista deve deixar. É um legado de amor, de esperança, de reflexão, sobre a gente, sobre a sociedade que a gente vive. Miltão não estava parado não, ele estava sempre ativo. Além de ser um grande ator, ele também lutava pelo movimento negro, pelos artistas, sempre se movimentou para ser mais do que um rostinho bonito na televisão. Eu levo só as melhores lembranças do Milton, como ator e como pessoa”.