Se a maior proeza de uma guitarrista é fazer pelo menos um solo marcante que fique eternamente na memória afetiva do ouvinte de música pop, o carioca Guto Barros (30 de julho de 1957 – 25 de janeiro de 2018) sai de cena com a missão cumprida.
É dele o solo de guitarra da gravação original da balada Me chama (Lobão, 1984), uma das músicas mais emblemáticas do repertório de Lobão. A ponto de ter sido regravada por ninguém menos do que João Gilberto. É dele também o solo do primeiro registro fonográfico de Corações psicodélicos (Lobão, Bernardo Vilhena e Júlio Barroso, 1984).
Guto Barros morreu ontem, aos 61 anos, na cidade natal do Rio de Janeiro (RJ), de causas não reveladas pelos filhos do compositor e músico no comunicado postado em rede social sobre o falecimento do artista.
Tendo estudado na referencial Berklee College of Music, escola norte-americana de música, Guto é nome associado ao mais informal rock brasileiro dos anos 1980. O toque da guitarra do músico faz parte, em especial, da história do controvertido Lobão. E também da trajetória de Evandro Mesquita, líder e mentor da banda Blitz.
Barros chegou a participar de grupo que seria o embrião da Blitz. Contudo, o ingresso oficial de Barros foi na banda Lobão e Os Ronaldos. Como integrante desse grupo, Barros gravou o álbum Ronaldo foi pra guerra, lançado em 1984.
Foi no repertório desse álbum que a balada Me chama apareceu ao lado de músicas compostas por Guto Barros como Dr. Raimundo, Não tô entendendo, Teoria da relatividade (assinada com Lobão) e a composição-título Ronaldo foi pra guerra (assinada por ele em parceria com Hélcio e o próprio Lobão).
Mais tarde, a partir de 1986, quando a banda Lobão e os Ronaldos já havia sido dissolvida, Guto Barros se tornou parceiro de Evandro Mesquita quando o vocalista da Blitz tentou engatar carreira solo. Com Evandro, o guitarrista compositor fez músicas como Assim falou Sapaim (1986), Aeroplano azul inflável (1988) e Greg e sua gang (esta com a adesão de Chacal, 1986).
Nos anos 1990, Guto Barros integrou a banda Aerosex, cujo som era calcado em mix de blues e rock. Contudo, foi mesmo na década de 1980 que o guitarrista deixou a marca dele na geração pop brasileira.