Integrante do famoso grupo de músicos ‘Sexteto’, que atuou durante anos nos programas de entrevista do apresentador Jô Soares, o saxofonista Derico Sciotti chorou nesta sexta-feira (5) e lamentou a morte do amigo, que faleceu em São Paulo aos 84 anos.
“É muito triste. Fiquei 28 anos lá, metade da minha vida trabalhando com o Jô. Tenho 56 anos e 28 foram trabalhando com ele, que é uma pessoa incrível, foi uma espécie de um pai mesmo. Tive momentos maravilhosos com ele. Ele me ensinou tudo”, disse Sciotti ao Bom Dia SP, da TV Globo.
“Comecei a trabalhar com ele aos 22 anos de idade e sai com 50 anos. A minha vida inteira passei ouvindo ele. Eu sentava naquela cadeira e via a história do Brasil e do mundo passar. O carinho e a generosidade dele são inesquecíveis. Apesar de o programa ser o ‘Programa do Jô’, ele dizia que não fazia sozinho. Sempre deu abertura para a gente desenvolver as nossas capacidades”, declarou.
Além de Derico, a chamada houseband do Jô era formada pelos músicos Chiquinho Oliveira (trompete), Miltinho (baterista), Bira (baixo), Tomati (guitarra), Osmar Barutti (piano).
O grupo nasceu primeiro como quarteto, depois virou quinteto, até a formação final de sexteto, no programa da TV Globo.
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Na qualidade de saxofonista careca e engraçado do grupo, Derico encarou vários personagem nas esquetes de humor do programa e fazia sucesso como “assessor para assuntos aleatórios” do Gordo, desde o programa 'Jô Soares 11 e meia', no SBT'.
O apelido, segundo Derico, surgiu quase que por acidente, quando Jô leu na abertura do programa uma notícia sobre uma tartaruga de duas cabeças que foi encontrada na América do Sul.
“Eu tocava flauta e era o único que tinha um microfone na frente. Ele leu a notícia e me perguntou: ‘Derico, por que você acha que encontraram uma tartaruga de duas cabeças?’. Eu vi que era a minha oportunidade e disse 'vou soltar o verbo aqui'. E expliquei que ela vinha da Antártida para desovar rumo aos trópicos. E quando chegou no Sul da América do Sul, ela não sabia se ia para o [Oceano] Pacífico ou para o Atlântico”, lembrou ele aos risos.
“Aí ele disse pra mim: ‘Olha, cara. Você não precisa falar mais nada durante o mês inteiro’”, contou.
“Eu tive um pai que eu amei a vida inteira. Mas o Jô era uma pessoa diferente. Como profissional e tutor ele me ajudou de uma forma que eu não tenho como externar a gratidão do que ele fez por mim”, declarou.
Dos integrantes do 'Sexteto', Rubinho, da guitarra, faleceu ainda com o programa no ar, assim como Bira, do baixo, que morreu em 2019, já depois do fim do programa na TV Globo.
“Se o nosso colega Bira não tivesse morrido em 2019, ele teria morrido hoje. Porque ele amava o Jô e toda a produção do programa. Era uma relação de amizade sensacional. Nós gravávamos de segunda, terça e quarta. Mas o Bira ia lá todos os dias, de terno. Ficava lendo o jornal e falando com todos da produção”, lembra Derico sobre o colega de ‘Sexteto’.