“Golpe comunista”, “espectro bolivariano”. Em 30 minutos de entrevista, o músico Lobão usou essas e outras expressões para se referir ao atual cenário político do Brasil. Crítico da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), resolveu manifestar seu apoio à candidatura do presidenciável tucano Aécio Neves.
“Neste momento nós estamos vivendo uma ditadura, sem nenhum tipo de hipérbole. Estamos sendo muito cerceados na nossa liberdade”, disse Lobão a uma plateia esvaziada do Teatro Frei Caneca, em São Paulo. Assim como em 2010, o músico - que já havia lembrado do episódio que deu início à ditadura militar no País como “Revolução de 64” e minimizado a repressão do perído ditatorial ao afirmar que os torturadores apenas "arrancavam umas unhazinhas" - disse que não votou em ninguém no primeiro turno destas eleições. “Não saí de casa.”
“O povo brasileiro está descrente. Todos os dias eu vejo gente dizendo que quer se mudar para Miami. Acho que nós deveríamos ficar aqui e dar as passagens para o Lula e para a Dilma. Eles vão, a gente fica”, afirmou o ator Fulvio Stefanini em discurso ao mesmo público. “Para Cuba, não para Miami!”, gritavam da plateia.
“Se eu contar para vocês tudo o que eu já passei por ser contra (o PT). Já me disseram: ‘se você votar no Aécio, ele vai privatizar até o seu c...’ E eu respondi: ‘mas ele sempre foi privado’”, continuava a atriz Lúcia Veríssimo, arrancando risos da plateia, depois de dizer que tem uma "paixão imensa" pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem gosta de chamar de "meu imperador". “Hoje eu estou sendo perseguida. Não gostaria mais de ter esse medo que eu estou tendo.”
E foi assim que o discurso do medo em relação ao PT – eternizado em 2002 pela atriz Regina Duarte em propaganda eleitoral do então candidato do PSDB à Presidência, José Serra – foi resgatado por artistas pró-Aécio em ato na noite desta segunda-feira. Na plateia, a ausência da própria Regina Duarte, que havia confirmado presença, assim como os atores Lima Duarte e Irene Ravache.