SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Roberta Miranda, 65, abriu o jogo sobre a própria sexualidade. A cantora se declarou "trissexual", mas disse que sempre preferiu manter a vida pessoal mais reservada em respeito à família, que é mais conservadora.
Com 36 anos de carreira, ela revelou que namorou uma travesti chamada Luz del Fuego na adolescência. "Eu era muito nova, tinha uns 16 anos e ela tinha uns 20, 21", contou em entrevista ao jornal O Globo. "Durou uns quatro meses, mas a gente foi apaixonada mesmo."
"Foi o primeiro contato que tive com alguém com uma sexualidade entre o masculino e o feminino", lembrou. "Depois até criei uma brincadeira, dizendo que 'quem come de tudo, não passa fome' (risos)."
A artista afirmou que essa foi um dos relacionamentos mais importantes de sua vida. "Acho que foi minha primeira e única paixão", disse.
"Perdi o contato, mas muitos anos depois a vi, já sem estar trabalhando como transformista, e deu uma balançada."
Segundo ela, no entanto, o romance não foi adiante por causa "da pressão de casa". "Minha família é de nordestinos de valores tradicionais, castradora", afirmou. "Minha mãe não podia saber. Ela não entendia, perguntava: 'Por que esta mulher está atrás de você?'. Minha mãe achava que ela era mulher."
Apesar de mais aberta a falar sobre o tema, a cantora disse por que não costumava se abrir a respeito de sua sexualidade. "Nunca gostei de falar muito da minha vida pessoal, acho que ela pertence só a mim, e sempre fui cobrada de forma exacerbada", lamentou.
"Ninguém pode julgar ninguém. E se tentarem fazer comigo, digo: 'A vida é minha, o corpo é meu, não estou pedindo o seu emprestado. Você não paga minhas contas e nem pisou onde eu pisei para saber de mim'."
"Não é que agora esteja vivendo a minha sexualidade de forma mais plena, sempre vivi isso", afirmou. "Mas sempre fui reservada, por ser de uma família mais rígida, e respeitei muito isso. E, como meu analista diz, algumas fantasias têm que ficar na fantasia."