Maia Veloso
''Estou há quase 4 meses vivendo o que o mundo viveu ou está vivendo. Ver esse momento único para a humanidade requer de nós um esforço sobrenatural de pensar e traduzir a vida de um modo que informe, mas também que traga esperança. Sabe o “comer, orar e amar”? Nesses dias eu oro; como muito pouco porque desloquei o meu apetite para estudos e tenho devorado livros, e amo. Amar profundamente é deslocar o olhar de si e perceber como somos frágeis. Não tenho dormido bem, passo horas falando com Deus, pedindo que ele alcance crianças famintas e vulneráveis, que torne as mulheres invisíveis a homens que ficaram mais violentos e que livre da aflição e desespero pais e mães de famílias que vagam pela cidade e voltam sem nada para comer. Que Deus livre a todos nós de nós mesmos que arrastamos um planeta inteiro pra esse cenário imprevisível. A boa notícia é que, mesmo sem acreditar no novo midiático normal, eu acho que tem mais gente pensando no mundo sobre como seguir a vida de um jeito melhor pra si e para os outros. Em síntese, tenho sobrevivido. Que não nos roubem a visão crítica desse mundo e que a gente continue ativista da defesa da vida''.