Thaila se posiciona contra a escala 6x1 |
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A atriz Thaila Ayla usou suas redes sociais nesta sexta-feira (15), para relembrar sua infância marcada pela ausência da mãe devido às longas jornadas de trabalho e se posicionar a favor do fim da escala 6x1. A artista contou que sua mãe, Maria Eunice, foi empregada doméstica a vida toda e que as lembranças que para ela eram felizes, para a mãe eram um pesadelo.
"Mais uma criança criada na escala 6x1. Há um tempo, conversando com a minha mãe, tive uma memória que para mim era maravilhosa da minha infância. Para quem não sabe, minha mãe foi empregada doméstica a vida toda e, no final da vida, foi cozinheira de um hospital", começou Thaila, contando que hoje Maria Eunice está aposentada. "Ela trabalhava na casa de uma família muito, muito rica. Eles tinham uma fazenda e, nos finais de semana, feriados prolongados, Natal, festas juninas, minha mãe me levava para a fazenda porque não tinha com quem me deixar", relatou.
Thaila ao lado do marido e o filho em seu colo. Foto:Reprodução redes sociais
VIVEU UM PESADELO
Thaila contou que se lembrava com carinho das diversas datas comemorativas que passou na fazenda dos patrões de sua mãe, até que, em uma conversa com ela, percebeu que os dias eram, na verdade, um pesadelo.
"Eu amava esses dias", disse para a mãe. "Nossa, que saudade!", contou. Porém, Maria Eunice reagiu de forma apática. "Ela olhou para mim quase indignada. Eu perguntei: 'O que foi? Você não sente falta?' E ela respondeu: 'Minha filha, eu não gosto nem de lembrar. Não gosto nem de lembrar. Meu corpo trabalhava tanto, tanto, tanto, que eu achava que não ia aguentar. Minhas pernas não iam aguentar, minha coluna não ia aguentar. Achava que, com isso, eu ia acabar falecendo'", explicou.
Thaila ao lado da mãe, Maria Eunice e o filho. Foto: Reprodução Instagram
PERDEU PARTE DA INFÂNCIA
A atriz também falou sobre o impacto de ficar longe da mãe na primeira infância e comentou que Maria Eunice perdeu muitos momentos ao seu lado por conta da escala de trabalho. "Eu ia sozinha, com 7 anos, para a escola (...) Estou falando do básico. E não é porque minha mãe não queria ou não podia me dar atenção, mas porque ela estava na escala 6x1. É porque minha mãe é mais uma sobrevivente. A grande realidade do nosso país são sobreviventes. Chega da escala 6x1. É desumano. É sobre o mínimo de dignidade. Que venha uma outra realidade minimamente digna para nossas crianças, nosso futuro", afirmou.