Vivi Seixas, 31, filha do lendário roqueiro Raul Seixas com sua quarta companheira, Kika, acaba de lançar o disco "Geração da Luz", com dez músicas do pai remixadas -- ou "metamorfoseadas" -- por ela.
Em entrevista, a DJ revelou que há sete anos estuda lançar o álbum, mas que enfrentou algumas dificuldades com outros familiares acerca do direito de uso das canções do cantor, morto em agosto de 1989. "Família com muitos herdeiros pode ser complicado. O importante é que no final tudo deu certo", contou.
Leia a entrevista na íntegra:
UOL: Desde quando tinha a ideia de remixar um álbum com as principais músicas da carreira de seu pai, o Raul Seixas?
Vivi: Há sete anos, quando estava começando minha carreira como DJ, tive acesso às capelas [músicas com somente a voz] do meu pai. Guardei esse material pensando que um dia no futuro poderia fazer algo. Anos se passaram e recebi o convite da gravadora Warner para fazer esse CD.
Você enfrentou algum tipo de resistência referente ao uso de direitos autorais de alguém da família? Como resolveu o impasse?
Família com muitos herdeiros pode ser complicado. O importante é que no final tudo deu certo. Tive muito apoio da minha irmã mais velha, Simone [do primeiro casamento do meu pai], que conheci há dois anos por conta do documentário "Raul - O Início, o Fim e o Meio". Simone é maravilhosa e foi amor à primeira vista.
Entre as diversas canções de Raul, como chegou ao número de dez faixas presentes no disco? Qual foi o critério que usou para a seleção das músicas?
Nem todas as gravadoras guardavam as fitas de rolo originais de duas polegadas com as gravações de seus artistas. Sendo assim, muitas músicas ficaram perdidas. Apenas a Universal (antiga Polygram) e a Sony (antiga CBS) tinham material disponível. Então fiquei com poucas opções.
Tem alguma canção especial neste disco de remixes?
Gosto muito de "Super-Heróis", que é uma música do lado B. Tem uma pegada trip hop misturada com blues. O músico que participou foi o Alamo Leal, músico brasileiro muito respeitado na cena blues internacional. "Conversa Pra Boi Dormir" também é demais, mais dark, boa para a pista.
Não teme receber algum tipo de crítica por talvez distorcer o trabalho artístico do Raul com os remixes das músicas?
Críticas sempre irão existir. As letras do meu pai continuam lá. Apenas atualizei sua própria música. E como o próprio Raul, na abertura do CD diz: "Eu quero uma coisa nova, eu quero uma coisa novíssima. Vamos fazer a cabeça dos novos, porque os velhos já estão fritos".
Tem alguma música que gostaria de incluir num próximo disco? Aliás, você tem a pretensão de lançar um segundo volume?
Ainda tenho material guardado, mas depois desse álbum pretendo focar na minha carreira de DJ e na minha grande paixão, que é a house music.
Quais recordações guarda da infância ao lado do seu pai?
Mesmo com meus pais separados sempre mantive contato com meu pai. Ele aparecia de surpresa na minha escola, ficava toda boba. Volta e meia eu ia para São Paulo. Minha mãe sempre fez questão que tivéssemos contato. Tenho lembrança de um pai muito divertido, mas também educador. Um dia me colocou no colo dele e me deu três palmadas no bumbum! Quando a saudade bate, coloco um CD dele e canto nas alturas!