"Nunca pensei em desistir da carreira pelo fato de ter "ficado no congelador" com a minha separação", conta a atriz Flávia Alessandra, ex-mulher do diretor Marcos Paulo, admitindo que só voltou à TV depois do divórcio (e de dois anos) ao pedir uma chance ao autor Walcyr Carrasco, então autor de Alma Gêmea (2005).
Há dois anos e meio casada com Otaviano Costa, a protagonista de Caras & Bocas, novela das 19h que estreia amanhã na Globo, diz que o "pré-conceito" sempre existiu e está pronta para enfrentar as más línguas novamente. O motivo? Ela e o marido estão na trama: "A gente já sabia que iam comentar. É normal, as pessoas têm o pé atrás. Aconteceu comigo. Vai ter que ir lá e mostrar a que veio".
Flávia contesta. "Desde os 7 anos eu tentava ser atriz, estreei minha novela aos 14, mas parece que eu só tentei ser quando casei com um diretor". Ela evita comentar sobre o último casamento: "É algo que vivi e acabou". No entanto, passou por um período de provação quando precisou demarcar seu território na televisão.
À época, ainda tentava fazer a carreira deslanchar desvinculada de Marcos Paulo, com quem tem uma filha, Giulia, de 9 anos. Foi quando arregaçou as mangas e pediu para o autor Walcyr e o diretor Jorge Fernando a vilã de Alma Gêmea. "Percebi que tinha que fazer uma aposta alta. Pedi para fazer a Cristina para mostrar a que vim. Senão, seria mais uma entre milhares". O papel, a princípio, não era o principal, mas foi um marco na carreira da atriz.
Flávia comemora o reencontro com a dupla de diretor e autor em Caras & Bocas. Na trama, ela será Dafne, mulher rica e dona de galeria de arte, apaixonada por Gabriel (Malvino Salvador) desde a adolescência. "Ela é uma mulher contemporânea, que tem o coração fechado para o amor. Dafne precisa de um homem que tenha pulso para segurá-la. E Gabriel é quem a faz tremer nas bases".
"Mas é sensualidade zero", avisa ela, que deixou o público masculino de queixo caído com a dança do poste da stripper de Duas Caras (2007). "Quando acabei de fazer a Alzira, meu pulso estava encrencado. Tive que fazer fisioterapia. Também tirei o poste da pole dance lá de casa. Já temos flores no lugar", brinca.
Na nova novela, Flávia vai interpretar uma história próxima a sua realidade. Sua personagem cria a filha Bianca (Isabelle Drummond) sozinha, sem a figura paterna em casa. Por algum tempo, Flávia foi pai e mãe da filha. Questionada como lidou com essa situação, responde com tranquilidade: "Giulia faz parte de uma geração em que, infelizmente, o anormal é os pais serem casados há muito tempo. É delicado, mas eu e milhões de mulheres fazemos parte desse time".
Ela conta que a filha levou alguns meses para entender a presença de Otaviano sob o mesmo teto. "Foi delicado. Pela primeira vez depois de um tempo ela passou a ter um homem, um sexo masculino dentro de casa, que passou a mandar nela. Ela mais ganhou do que saiu perdendo. Jujuba o chama de "Mop" (sigla de "Meu Outro Pai")", diz ela, que chama o marido de Ota.
Opiniões à parte, a atriz conta que ela e o marido estão adorando participar da mesma trama. "É uma delícia. Acho difícil a gente contracenar, porque somos de núcleos diferentes. Nunca tivemos problemas de levar o trabalho para casa. Batemos textos juntos". Giulia também aprovou a personagem da mãe. "Ela está feliz porque vai poder assistir à novela. Gostou tanto da Dafne que cortou o cabelo de todas as Barbies igual ao da personagem. Giulia é a única que torce supercontra a minha carreira. Ela quer que não seja sucesso para eu ficar mais tempo com ela", entrega.
Balzaquiana, Flávia não sente o peso de seus 34 anos. "Me sinto melhor agora do que aos 20. A crise dos 30 tive com 28, quando me separei. Vi que não estava feliz", reflete. Seguindo o lema dont"t worry be happy (Não se preocupe, seja feliz), Flávia diz que viverá um dilema quando a novela acabar: "Não sei se faço teatro ou faço bebê".