Os quilinhos a mais na silhueta não as impedem de usar biquíni e atrair os flashes e holofotes. Dispostas a enfrentar o preconceito, mulheres gordinhas apelam aos tratamentos estéticos para elevar a autoestima e faturar o título de Grande Musa do Verão, concurso no Rio de Janeiro que promete eleger a mais bela representante plus size das praias.
Vinte e quatro mulheres toparam o desafio e vão desfilar com trajes de banho durante a final do concurso, que acontece na sexta-feira (2), no Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga, em São Cristóvão, na Zona Norte.
Meia-calça contra as celulites
A coordenadora do evento, Marlúcia Félix, explica que as candidatas poderão recorrer à meia-calça para “melhorar a performance” e esconder as “imperfeições”, que estão nos corpos até das mais belas top models.
No entanto, chapéu e óculos escuros estão vetados no desfile. Segundo os organizadores, os acessórios tiram a visibilidade do rosto das candidatas.
“Na hora do desfile vai ter foco de luz, então não tem jeito, vai mostrar a celulite. A meia-calça vai deixar as meninas mais confortáveis e seguras. Até quem é magra usa meia-calça, já é um acessório de praxe nos desfiles, se até a Beyoncé usa, por que a gente não pode?”, indaga Marlúcia, eleita Miss Simpatia, no Miss Plus Size Rio de Janeiro, realizado ano passado.
A candidata Cynthia Knaip diz que vai se submeter a algumas sessões de bronzeamento artificial para garantir o tom do verão. Ela conta que uma lesão no pé a impediu de frequentar a praia e, para não perder para a concorrência, a moça resolveu apelar à técnica.
“Musa branca não rola, tem que ser moreninha, ter cara de quem vai à praia. Nesta última semana, intensifiquei as aulas de hidroginástica e o ritmo da caminhada. Para o concurso, vou fazer mais sessões de limpeza de pele e hidratação no cabelo”, detalhou Cyntihia, que usa manequim 48 e pesa 90 kg.
Concorrentes amigas
A publicitária Aline Bittencourt é outra aspirante ao título de Grande Musa do Verão. Ela diz que os concursos GG têm menos rivalidade do que os desfiles tradicionais. “As candidatas são cúmplices, parceiras mesmo. Todas nós passamos pelas mesmas dificuldades, principalmente em relação à aceitação e a autoestima”, explica a jovem de 31 anos.
Apesar de vestir manequim 48, Aline conta que mantém uma rotina saudável com caminhadas e alimentação regrada. A única desvantagem, segundo ela, são as poucas opções de roupas jovens e modernas.
“Você entra numa loja de marca e a vendedora fala que o maior manequim é o tamanho 44. Isso é muito constrangedor, uma humilhação mesmo. Eu quero entrar numa loja e sair feliz. As lojas devem investir em tamanhos maiores, não é porque você é gordinha que não pode usar uma roupa moderna, como uma calça justa e uma blusa decotada”, desabafa Aline.
A fotógrafa Nanda Colmenero pode se considerar uma veterana dos desfiles plus size. Há três anos, ela roda o país para participar de desfiles exclusivos para gordinhas. Ainda adolescente e com 52 kg a menos, Nanda era mais uma modelo magrinha do Rio Grande do Sul.
“Eu gosto muito mais de mim hoje do que quando era magra. Sempre usei biquíni e nunca tive problemas em relação a isso. Não abro mão das sessões de massagem, drenagem linfática e das aulas de musculação e dança do ventre”, diz Nanda.