Em 2009, cerca de 11,9 milhões de pessoas foram vítimas de roubo ou furto no Brasil (7,3% da população com dez anos ou mais idade), aponta dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios) sobre violência e acesso à Justiça, divulgada nesta quarta-feira (15) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o estudo, 70,5% dos casos de roubo (quando há ameaça ou uso da força) ocorreram em vias públicas, enquanto a maioria dos furtos (quando não há violência) ocorreu em residências (47,9%).
O levantamento também mostrou que mais da metade das vítimas de roubo e furto não procurou a polícia após a ocorrência dos crimes (51,6%). O principal motivo alegado foi a descrença em relação às autoridades policiais (36,4%), mas 23,1% das vítimas afirmaram que não buscaram ajuda por não considerar importante recorrer à polícia.
Considerando apenas os crimes de furto, o número de vítimas que não buscou a polícia foi ainda maior: 62,3%. Entretanto, as razões alegadas por vítimas deste tipo de crime são diferentes. Ao todo, 26,7% disseram ter deixado de comunicar o crime por falta de provas.
Foram nas ruas também que ocorreram o maior número de agressões. Das 2,5 milhões de pessoas (com idade igual ou superior a dez anos) vítimas de agressão física em 2009, 48% foram atacadas em vias públicas, enquanto 25,4% foram agredidas em suas próprias casas.
Na maioria dos casos (39%) as pessoas não conheciam seus agressores, mas 12,2% foram atacadas por cônjuges ou ex-cônjuges. Policiais e agentes de segurança privada foram considerados agressores em 4,5% dos casos, segundo o IBGE.
Medo
O levantamento, cujo objetivo é traçar um perfil das vítimas de violência e levantar o número de registros de ocorrências, também mostrou que quase metade da população brasileira declarou não se sentir segura em sua cidade (47,2%), percentual que sobe para 70,4% quando consideradas as pessoas que já foram assaltadas.
Apesar da sensação de insegurança, a maioria afirmou se sentir protegida em suas casas (78,6% ou 127,9 milhões de pessoas), percentual que diminui conforme aumenta a distância em relação à residência.
O cenário favorece as empresas que comercializam dispositivos de segurança. Segundo o IBGE, dos 58,6 milhões de domicílios particulares, cerca de 60% (34,8 milhões) disseram possuir algum mecanismo de segurança em suas casas, seja um alarme ou fechadura extra, ou mesmo câmera de vídeo e cães de guarda, por exemplo.
Entre os dispositivos, a grade foi o mais utilizado pelos moradores, presente em 35,7% das residências.
O maior número de vítimas de tentativa de furto e roubo (7%) e de assaltos (5,6%) se concentrou no Norte do país, região que também apresentou o menor percentual de pessoas que declararam se sentirem seguras nas cidades (48,2%).