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Livro mostra belas fotogradas sem retoque

Alemão lança um movimento contra os excessos de manipulação de imagens e em defesa das mulheres reais.

Elas não têm olheiras, rugas ou marcas de expressão. Gordurinhas, flacidez e celulite não aparecem em seu corpo escultural. São perfeitas em qualquer idade. Tão perfeitas que... só existem nas revistas de moda e nos anúncios publicitários.

Quem diz isso não é somente o público feminino, invejoso e cansado desses modelos de beleza inatingíveis. Os próprios profissionais da moda e da beleza, que nos últimos anos abusaram dos softwares de manipulação de imagem para criar supermulheres, reconhecem que cometeram excessos.

Agora defendem a volta da beleza natural ou intervenções discretas que não deixem as modelos parecidas com criaturas sintéticas, verdadeiros “objetos de marte”, como as descreveu o fotógrafo alemão Peter Lindbergh.

Um dos mais respeitados profissionais de moda do mundo, Lindbergh está à frente de um movimento internacional contra o abuso no uso de maquiagem e Photoshop. “A alteração das imagens teve um peso muito grande na forma como definimos visualmente as mulheres”, disse ele em entrevista ao jornal americano New York Times. “Retoques excessivos não devem representar a mulher neste século.” Lindbergh fez em maio uma série de capas para a revista Elle francesa, retratando mulheres sem maquiagem ou retoques digitais.

Entre elas estavam as atrizes Monica Bellucci, Sophie Marceau e a modelo tcheca Eva Herzigova. Outras publicações aderiram à ideia. A edição das “Cem pessoas mais bonitas” da revista People incluiu imagens de 11 mulheres famosas usando “nada mais que hidratante”. Entre elas, a estonteante Eva Mendez. A revista americana de celebridades Life & Style também alardeou que sua capa de maio, que mostrava a atriz Kim Kardashian de biquíni, estava “100% sem retoques”. A precursora da onda foi a top Kate Moss, que apareceu em março num ensaio da revista americana New York com o corpo real de uma mulher de 35 anos: bonito e bem cuidado, mas perfeitamente normal, sem plásticas de Photoshop.

No Brasil, o movimento pela beleza real também começa a ganhar espaço. O fotógrafo José Fujocka, um dos especialistas em tratamento de imagem mais requisitados por publicações de moda, já sentiu a tendência. “Tanto revistas quanto fotógrafos estão me orientando cada vez mais a retocar o mínimo possível”, afirma. “Isso não significa que vamos abandonar o Photoshop, apenas usá-lo com moderação.” E não é só no universo das revistas que se observa esse esgotamento da beleza digital.

Em abril, modelos e atrizes brasileiras posaram sem maquiagem para a exposição Mulheres de verdade, exibida no Rio de Janeiro com curadoria de Marco Antônio Ferraz, editor de moda da revista americana Vanity Fair. “O Photoshop é um ótimo recurso para corrigir uma olheira ou uma espinha, não para mudar o rosto e o corpo das pessoas”, diz ele. Compartilham sua opinião as modelos Isabeli Fontana, Raquel Zimmermann, Raica Oliveira, Luiza Brunet e Marcelle Bittar, que estão entre as mulheres mais belas do mundo. Cansadas de não se reconhecer nas fotos, elas concordaram em posar para as páginas de ÉPOCA de cara lavada e sem retoques, exatamente como são: imperfeitas e lindas, absolutamente lindas.