Mariana Ximenes sabe bem o sentido da palavra gratidão. Em 1998, durante seu primeiro teste na Globo, a atriz foi avaliada e aprovada por Amora Mautner para um papel em Andando nas Nuvens. Exatos 15 anos depois, mais experiente e com certa autonomia artística dentro da tevê, Mariana podia muito bem dizer não ao chamado de Amora para interpretar a sensual Aurora de Joia Rara. No entanto, decidiu adiar suas férias e atender o convite da diretora-geral da atual novela das seis. O que a fez emendar o final das gravações do remake de Guerra dos Sexos com o período de pré-produção do atual projeto.
"Existe uma simbologia bacana por trás desse trabalho. Amora me deu uma chance no passado e achei muito legal voltar a trabalhar com ela, depois de tanto tempo. O esforço que tenho de fazer para essa novela também é estimulante e faz da Aurora um bom personagem para marcar meus 15 anos na emissora", entrega.
Mariana Ximenes: De sorriso farto, brilho nos olhos e madeixas platinadas, Mariana evidencia o prazer com que encara a nova personagem. Mas seu cansaço também é nítido. Terminadas as gravações do trabalho anterior, ela foi até Paris aproveitar os 12 dias de folga que conseguiu com a produção. O destino não foi escolhido à toa. A cidade luz, seus cabarés e dançarinas burlescas foram a base para a construção de Aurora, uma vedete brasileira que volta da França disposta a tirar o reinado de Lola, de Letícia Spiller, como melhor dançarina da boemia carioca.
"O trabalho já começou ali. Precisava treinar meu francês, pegar inspiração para gestual e conhecer o trabalho das dançarinas. Fui a vários cabarés, dos mais tradicionais aos contemporâneos. Misturei referências e ainda fiz umas comprinhas", explica, aos risos.
Ainda na Europa, Mariana começou a vasculhar filmes e personalidades que pudessem se encaixar no universo da personagem. Naturalmente, a figura da atrizes e cantoras alemãs Marlene Dietrich e Ute Lemper tornaram-se sua fixação.
"Gosto da elegância com que elas se portam em cena. Estudei a postura e o jeito de cantar de várias intérpretes e elas são completas", conta ela, admitindo que também está aplicada nas aulas de francês.
"Fiz para a novela e me apaixonei", assume.
De volta ao Brasil, Mariana intensificou sua preparação com muitas aulas de dança e canto.
"As gravações de Joia Rara funcionam como um grande espetáculo teatral. Eu precisava estar preparada para dançar, cantar e atuar ao mesmo tempo", ressalta.
Sob os cuidados de Antônio Negreiro, a atriz não sentiu tantas dificuldades com passos e coreografias. No entanto, cantar ainda é complicado para ela.
"É tudo muito novo para mim. Estou aprendendo as técnicas vocais. Por isso, nas primeiras sequências, vou aparecer dublando. Como sou perfeccionista, dublar bem também torna-se difícil", analisa.
Em cena, todo cuidado é pouco. Ao chegar aos estúdios, Mariana faz questão de conversar com as equipes de cenografia e iluminação. Só assim consegue ter a real dimensão do que pode ou não fazer na sequência.
"Vou sair dessa novela com mais ferramentas e versatilidade para trabalhar", empolga-se.
Aos 32 anos e cada vez mais criteriosa com suas escolhas na tevê, Mariana sente-se prestigiada dentro da guerra de elenco entre as produções da Globo.
"Sempre tive bons convites e aceitei os que me pareceram mais instigantes", acredita.
Entre suas personagens de maior destaque, a atriz lembra de trabalhos distintos, como a passional Rosário de A Casa das Sete Mulheres, a determinada Ana, protagonista de Chocolate com Pimenta, e, sobretudo, a vilã Clara de Passione.
"Acho que pude mostrar para o público e para a emissora que eu seria capaz de fazer qualquer tipo de papel. Não sou de me repetir e, quando a gente se predispõe para o "novo", a resposta é sempre estimulante", gaba-se.