"Antonio, sei que alguém vai te mostrar essa matéria. Decidi aproveitar esta oportunidade improvável para te mandar uma mensagem. Já não tenho mais 15 anos, agora tenho 25. Depois de dez anos terem se passado, continuo te dando uma chance: a chance de assumir que você cometeu erros e de tentar ser uma pessoa melhor. Até o dia de hoje, você não me pediu desculpas."
Entenda o caso de Mayra:
"Ninguém vai acreditar em mim. Esse foi o primeiro pensamento que tive quando, aos 15 anos de idade, fui estuprada por um menino mais velho da escola. Demorou para que eu conseguisse assumir para mim mesma que tinha sido estupro. Afinal, eu não havia permitido que acontecesse? Fiquei muito confusa durante muito tempo. Estava ficando com ele há meses em diferentes cantos escondidos da escola, mesmo sabendo que ele tinha namorada. Com certeza diriam que eu estava me fazendo de vítima. No fim, ainda acabaria malfalada, com reputação de puta.
Antonio, pseudônimo, tinha 18 anos e estava prestes a se formar. Eu havia começado o primeiro ano do Ensino Médio e tinha acabado de fazer 15. Apesar de já ter beijado alguns meninos ? e me livrado do título vergonhoso de ?bv? (boca virgem) eu ainda era sexualmente virgem.
No início eu não sentia atração por Antonio. Uma amiga em comum me disse que ele estava interessado em mim, mas respondi que ele não fazia meu tipo. Eu gostava de garotos roqueiros, e ele jogava futebol. Mesmo assim, saber que ele me desejava me deixou intrigada. Naquela época me sentia feia e insegura e sempre me comparava às outras meninas.
Essa tal amiga falava tanto dele que concordei em dar meu telefone. Ele era insistente. Sempre que eu estava prestes a dormir, no escuro da minha cama de solteiro, recebia uma mensagem: ?Estou com muito tesão pensando em você?. E então eu dormia com a ideia na cabeça.
Terminei cedendo. Nos beijamos pela primeira vez atrás do bebedouro do campo de beisebol. Antes de nossas bocas se encostarem, suas mãos já estavam na minha calcinha. Aquele era um grande sinal de alerta, eu sei.