Com pouca ou praticamente nenhuma roupa, as musas dos desfiles das escolas de samba de São Paulo neste ano superaram as do Rio, onde, em geral, o carnaval é sinônimo de ousadia nas fantasias.
De tão pequenos, alguns dos trajes usados pelas beldades no Anhembi podem até estabelecer um novo recorde, o de “menor fantasia do mundo”, usada pela funkeira Suéllen Rocha, a Mulher Pêra, que está sendo avaliado pelo júri do Guinness, o livro dos recordes.
Autor da peça, uma fina corrente de ouro e um pingente em forma de borboleta com cerca de meio centímetro que adornou o corpo pintado da funkeira, o designer de joias Dênis Moraes diz ter percebido “uma certa apelação” no carnaval paulistano este ano.
Segundo ele, a peça usada pela Mulher Pêra no desfile da Águia de Ouro, cujo o enredo falava sobre a Tropicália, representava a liberdade. “Imagina na época da ditadura se uma mulher poderia sair no carnaval com uma fantasia assim?”, questiona o designer, que disse já ter inscrito a peça no Guinness.
Para Moraes, a nudez no carnaval é bem vinda, desde que tenha um sentido. “Ir lá só mostrar o corpo e se expor não acho legal. Tem que ter um sentido, senão a gente vai ser repetitivo.”
A exposição da Mulher Pêra foi até alvo de críticas de outras musas do carnaval paulistano, como a modelo Ana Paula Minerato, destaque da escola Gaviões da Fiel, disse que não pretende entrar numa disputa por menores fantasias.
Também com o corpo pintado, ela desfilou de tapa sexo. Carnavalesco da Vai-Vai, em São Paulo, e da Mocidade e Viradouro, no Rio, Alexandre Louzada também diz ser contra a nudez “gratuita”.
“Quando tem a ver com a proposta do enredo, com o carro alegórico, sou favorável”, explica. Por outro lado, Louzada diz ver com bons olhos a ousadia das musas no carnaval paulistano.
“São Paulo tem que se libertar disso, tem que tirar essa barreira dos paulistanos. Ali na avenida a pessoa está representando um papel”, diz.