Se a diretoria da Mangueira virou as costas para Beth Carvalho, Beth Carvalho virou-se para a Bahia. Gravado em agosto do ano passado no Teatro Castro Alves, em Salvador, a cantora finalmente lan?a Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia, homenagem ? m?sica da terra que ? ber?o do g?nero.
Apesar de, na ?poca, ela n?o ter id?ia de que brigaria feio com a escola verde-e-rosa no Carnaval deste ano, o DVD (lan?ado pela EMI com uma vers?o em CD) terminou funcionando como um manifesto a favor das ra?zes do samba - sejam elas cariocas ou baianas. "Ah, n?o chega a ser um manifesto, ? mais pela valoriza??o do samba no Brasil", diz Beth.
Valoriza??o que ela cobrou de diretores da Mangueira, depois que n?o a deixaram subir num carro aleg?rico, antes do desfile da escola este ano, no Samb?dromo. A ferida ainda est? aberta. "N?o vou mais desfilar. Eu me afastei da escola. Vou morrer Mangueira, porque isso ningu?m me tira, mas n?o tenho clima para desfilar. At? fui convidada pelo Ivo Meirelles (presidente de bateria da escola) para ser madrinha da bateria. Agradeci, mas recusei", conta a sambista, que viveu um ano bem conturbado.
Al?m da briga com a escola de samba, ela se envolveu numa pol?mica com Alcione a respeito de Clara Nunes - no livro Guerreira da Utopia, Beth acusou Clara de copiar seu estilo, e Alcione defendeu a amiga, morta em 1983, no programa de TV Sem Censura.
Sobre este assunto, Beth prefere dizer apenas que s?o "?guas passadas", e retorna ? defesa incondicional do samba, que ela toma como bandeira de vida. "Em 1993 eu gravei um disco com sambas de S?o Paulo. Na ?poca, as pessoas tinham preconceito", diz.
"Agora fiz um panorama do samba baiano, da origem do samba de roda, e ? tamb?m uma homenagem a Dorival Caymmi", explica a cantora, que tem lembran?as da m?sica Jo?o Valent?o. "Meu pai se chamava Jo?o, parecia com o Dorival e cantava essa m?sica para mim. ? muita coincid?ncia, n?o ??"