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Negado o pedido de suspensão de comercial com Top Gisele

Propaganda incentiva brasileiras a usarem charme e foi alvo de críticas


Negado o pedido de suspensão de comercial com Top Gisele
O Conselho de Ética do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) recomendou nesta quinta-feira (13), em primeira instância, o arquivamento do pedido de suspensão da campanha da fabricante de roupas íntimas Hope, estrelada pela modelo Gisele Bündchen. Com isso, a propaganda pode continuar sendo veiculada normalmente.

A decisão do conselho do Conar foi por unanimidade. Participaram da reunião cerca de 20 conselheiros. Segundo a assessoria do Conar, caso não ocorra nenhum recurso, no prazo de 5 dias, o processo será arquivado em definitivo.

Os membros do conselho acompanharam o voto do relator, que considerou que "os estereótipos presentes na campanha são comuns à sociedade e facilmente identificados por ela, não desmerecendo a condição feminina", informou o Conar, em nota.

A representação foi aberta a partir de denúncias encaminhadas ao Conar por cerca de 40 consumidores e também pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM).

Para Carlos Eduardo Padula, diretor comercial da Hope, que participou da reunião, prevaleceu a garantia do uso do bom humor. "A decisão do Conar representa uma ratificação de que fizemos uma campanha politicamente correta. Ficou claro [para os conselheiros do Conar] que estávamos enaltecendo a sensualidade da mulher brasileira com uma pitada de humor", afirmou o executivo ao G1.

Segundo o diretor da Hope, a propaganda continuará sendo veiculada pelo menos até o dia 18 de outubro e a empresa agora avalia, inclusive, a possibilidade de realizar um novo filme para dar sequência a campanha.

Entenda a polêmica

Os vídeos da campanha, chamada ?Hope Ensina?, mostram a modelo contando ao marido que bateu seu carro e estourou o limite do cartão de crédito. Primeiro, Gisele revela os problemas vestida com roupas e, na sequência, apenas de lingerie. A propaganda diz que a primeira maneira é errada, e a segunda, a correta. E incentiva as brasileiras a usar seu "charme".

A Secretaria de Políticas para as Mulheres afirmou que sua ouvidoria recebeu seis reclamações de pessoas ?indignadas? com a propaganda desde o dia 20, quando ela foi ao ar. Além do ofício ao Conar, a SPM também enviou documento ao diretor da Hope Lingerie, Sylvio Korytowski, ?manifestando repúdio à campanha.?

??Hope Ensina? é a campanha da empresa que ?ensina? como a sensualidade pode deixar qualquer homem ?derretido?. Nela, a modelo Gisele Bundchen estimula as mulheres brasileiras a fazerem uso de seu "charme" (exposição do corpo e insinuações) para amenizar possíveis reações de seus companheiros frente a incidentes do cotidiano?, diz nota divulgada pela SPM.

?A propaganda promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grandes avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas. Também apresenta conteúdo discriminatório contra a mulher, infringindo os artigos 1° e 5° da Constituição Federal?, completa a nota da SPM.

Por meio de nota, a Hope informou que a propaganda teve o objetivo de mostrar, de forma bem-humorada, que a sensualidade natural da mulher brasileira pode ser uma arma eficaz no momento de dar uma má notícia e que, utilizando uma lingerie Hope, seu poder de convencimento seria ainda maior.

"Os exemplos nunca tiveram a intenção de parecer sexistas, mas sim, cotidianos de um casal. Bater o carro, extrapolar nas compras ou ter que receber uma nova pessoa em sua casa por tempo indeterminado são fatos desagradáveis que podem acontecer na vida de qualquer casal, seja o agente da ação homem ou mulher", disse a nota.