Um ensaio a Reinvenção, assim escreveu o apresentador e jornalista Pedro Bial, quando se referiu à cantora Preta Gil e sobre o modo como ela conduz sua carreira. Lançando o seu primeiro DVD, Preta confirma o seu lado eclética e ?gaiata?, e apresenta em Noite, Preta, diversas nuances musicais. O audiovisual foi gravado em agosto de 2009, na boate The Week, no Rio de Janeiro, e chegou a todas as lojas do país em agosto desse ano.
A proposta do álbum é desafiar as fronteiras cariocas, por isso faz um remonte de diversas composições, dela própria Preta, e de consagrados artistas de todo o Brasil. Participam ainda do DVD, a cantora Ana Carolina, e Gilberto Gil, referências diretas na carreira da intérprete. A gravação do show foi o resultado de um trabalho de anos, e a realização de um sonho como ela mesma afirma na entrevista exclusiva concedida ao jornal Meio Norte. Entres outros assuntos, Preta revela que é despida de preconceitos e que no disco ela faz o que gosta, sem ?sem máscaras, rótulos e hipocrisia?.
Jornal Meio Norte - Como surgiu a idéia de realizar o disco que é uma mescla de sucessos do passado, novos e também de outros artistas?
Preta Gil - Esse show começou há três anos, num lugar pequeninho que cabia 200 pessoas, e eu fui cantando as musica dos meus dois primeiros discos, eu já tinha dois discos, mas ao mesmo tempo eu tinha me dispersado do meu público, eu tinha feito duas novelas, uma peça de teatro, então eu queria saber e conhecer quem eram essas pessoas, que tinham comprado meus primeiros discos que sabiam cantar as minhas músicas, e por isso fiz o show que foi chamado o Noite Preta de maneira muito despretensiosa, a vontade mesmo de querer encontrar com meu público. E a gente começou e foi virando um sucesso, de um lugar 200, a gente passou para um de 500, depois a gente passou para um lugar de duas mil, até chegar num lugar de quatro mil. Aqui no Rio, a gente ta fazendo o show todo mês antigamente era toda semana. Mas agora a gente viaja o Brasil inteiro, estamos fazendo 14 shows por mês, então a gente acabou tendo que fazer aqui no Rio somente uma vez por mês. Ai eu fui cantando as musicas dos meus dois primeiros discos e coisas que eu gostava e muito sem preconceito mesmo, então porque eu fui criada muito dessa maneira, ouvindo música sem rótulo, ouvindo Luis Gonzaga do mesmo que eu ouvia Luis Caldas, então essa era a minha realidade nos anos 80, na adolescência então eu vi o rock nacional nascer, tendo ali minhas referências, da mesma forma que eu vi o axé nascer e que eu vi o sertanejo florescer, eu sou essa pessoa artisticamente que gosta de estilos variados e que experimenta para ver os diversos lados.
Jornal Meio Norte ? Pelo que você está falando a participação de outras pessoas no disco e no DVD, foi as tuas referencias, esse lado mais eclético?
Preta Gil ? Nesse contexto estou falando do disco como um todo no caso da participação da Ana e do meu pai os contextos foram outros.
Jornal Meio Norte - Quais?
Preta Gil ? No caso da Ana ela foi minha parceira musical desde o começo da minha carreira, ela fez sinais para mim antes mesmo de eu cantar , quando eu ainda produzia os vídeo clipes dela, porque ela sempre achou que eu tinha uma voz linda, ela sempre falou isso pra mim e eu tinha muitos receios de ser uma cantora. Ela participou do disco agora. Ela me disse, eu fiz essa musica para você gravar no seu disco e foi um sucesso virou um hit e a gente nunca tinha gravado junto, a gente já tinha cantado junto em outras ocasiões mas nunca tinha registrado isso fonograficamente então a Ana é uma participação natural e emotiva. Ela tem uma culpa em tudo isso, principalmente no DVD. Por estar onde eu estou hoje, para eu ser a cantora que eu sou hoje, ela participou muito disso.
Jornal Meio Norte ? E o seu pai ?
Preta Gil ? Já o meu pai é o meu pai! Ele participou mais ainda (risos), ele é meu DNA é a minha alma, minha educação, é a minha base, além de um artista muito famoso e que tem uma obra muito extensa pra mim ele é tudo isso e ao mesmo tempo ele é simplesmente meu pai, o homem que me dá acalento, que me dá bronca que me educou, que me deu minha formação moral e eu quis que ele participasse justamente por isso as pessoas falam muito isso, como é ser filha do Gilberto Gil, e no DVD está ali, o que é ser filha dele. Então aqueles gritinhos eu aprendi com ele, não sei se tenho os mesmos agudos, mas ele é gaiato, só conhecem ele sério mas ele tem esse jeito gaiato.
Jornal Meio Norte ? Foi um desafio gravar o DVD, principalmente pela história que ele tem?
Preta Gil? Não, acho que foi mais a realização de um sonho. Ele é um DVD do tamanho que eu sou, do tamanho da artista que eu sou. Eu quis fazer ele na The Week, que é a casa de espetáculos que eu faço aqui no Rio, eu não quis descaracterizar. Vou gravar um DVD,então vou procurar uma casa de show enorme. Eu quis fazer dentro do meu mundo, dentro da minha realidade, e com o meu público e com a energia que tem a Noite Preta, que é o público bem perto de mim, cantando todas as musicas, é um público muito fiel. Escolhi as minhas diretoras com carinho, são minhas amigas de infância, para que elas registrassem no DVD, o meu jeito sem maneirismo sem muita frescura, sem pirotecnias, que fosse o show, do jeito que ele é. É aquele cenário em todos os shows e em todos os lugares, com passarela, com ventilador, é a Noite Preta de verdade. O público já pedia o DVD.
Jornal Meio Norte ? Porque o Noite Preta? É um convite ao seu público, para passar uma noite com você?
Preta Gil? Noite Preta é o nome do espetáculo. Mas é bem isso um convite para entrar no meu universo na minha verdade. Nesse DVD tem três músicas inéditas, duas composições minhas, uma da Ana Carolina, e outra é Stereo que é minha musica de trabalho nova. E faço uma mesma com musicas que eu gosto que vai da MPB, e da Kelly Key até o Aviões do Forró, tem seu Jorge, enfim tem de tudo. E é isso a Noite Preta é a minha cara, o meu show a minha alma.
Jornal Meio Norte ? O teu disco foi muito bem avaliado, principalmente por este processo de reinvenção, é a tua idéia mesmo reinventar, como você recebeu isso?
Preta Gil ? Eu sempre fui uma mulher muito autêntica, sem preconceitos. Não gosto de máscaras, não gosto de rótulos, não gosto de hipocrisia e eu acho que a gente que mora no sul e no sudeste tem uma tendência de ficar transitando muito nesses dois universos. E não eu sou uma mulher que transita pelo Brasil inteiro, todas essas nuances que estão em todos os lugares, e estados e eu acho que isso tudo está no DVD.
Jornal Meio Norte? E como foi receber o Ensaio sobre a Reinvenção, de Pedro Bial para Preta Gil?
Preta Gil ? Ah, a reinvenção e o Bial. Primeiro ele faz uma metáfora de uma menina, ai ele fala de mim com meu pai, que eu sou desprovida de preconceitos e isso passa principalmente pela música, eu gosto, eu canto Aviões do Forró, Chupa que é de Uva porque eu gosto daquela música, eu canto Kelly Key porque eu gosto daquela música. Eu acho que a gente tem que ter essa abertura, essa forma de ver o mundo, sem fronteira, sem mascaras, sem preconceitos. Acho que isso é o disco, é o DVD. E isso está muito em evidência no DVD. Eu quero mesmo passar isso a minha verdade. Não tenho o menor problema em cantar e reinterpretar canções de outros cantores e compositores, acho isso válido, a musica popular brasileira está aí, é possível relembrar o passado, principalmente pelo meu público, que tem uma média de idade de 16 a 25 anos, cantando musicas que eles não saberiam cantar porque não fizeram parte da juventude deles, e eles cantam hoje, e eu acho isso muito bacana.