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Nova terapia diminui câncer de mama em 11 dias

Alguns tumores chegaram até a desaparecer

Um novo estudo, cujos resultados foram recentemente divulgados no European Breast Cancer Conference, testou a ação da combinação de dois medicamentos sobre um tipo específico de câncer de mama. Os resultados são impressionantes: enquanto alguns tumores diminuíram, outros desapareceram completamente em 11 dias.

Novo tratamento para câncer de mama: o estudo

Os pesquisadores testaram diferentes esquemas das drogas Trastuzumabe (mais conhecido como Herceptin) e Lapatinib em 257 mulheres com câncer de mama do tipo HER-2 que estavam esperando pela cirurgia para redução do tumor.

Atualmente, essas drogas já são utilizadas no tratamento do câncer de mama, mas em situações diferentes. Geralmente elas são aplicadas em mulheres com câncer de mama metastático que também estão recebendo quimioterapia ou ainda após a cirurgia para retirada do tumor, por cerca de um ano.

O estudo foi dividido em duas partes. Na primeira, 130 mulheres foram alocadas em grupos diferentes: algumas receberam o Herceptin e outras fizeram uso do Lapatinib. Os dois grupos foram tratados por 11 dias depois do diagnóstico e antes da cirurgia. Havia ainda um terceiro grupo, que não recebeu qualquer medicação.

As outras 127 mulheres foram divididas em três grupos: um deles não recebeu nenhuma droga, outro recebeu apenas Herceptin e o último recebeu a terapia combinada de Herceptin e Lapatinib.

Resultados

Depois da cirurgia, os pesquisadores analisaram o tecido retirado de cada mulher para ver se havia diferença entre os grupos. Eles observaram fatores como marcadores de morte e crescimento celular e o tamanho do tumor que sobrou.

Nos tecidos retirados de 7 das 66 mulheres que receberam o tratamento combinado eles observaram que o tumor havia desaparecido. Para outras 11 mulheres do mesmo grupo, o tumor havia encolhido significativamente. O tratamento teve uma resposta positiva também para mulheres em que o tumor havia se espalhado para os gânglios linfáticos.

É importante notar que em outras 48 mulheres que receberam as duas drogas não houve resposta ao tratamento. Os pesquisadores acreditam que isso aconteceu por causa de alguma especificidade dos tumores HER-2.

Quem pode fazer?

A oncologista Mariana Laloni, coordenadora do Centro de Oncologia do Hospital 9 de Julho (São Paulo), explica que essas duas drogas fazem parte da chamada terapia-alvo. Elas atuam apenas em pacientes cujos tumores possuem um marcador proteico chamado HER-2 e correspondem a uma parcela de 20% a 25% do total das mulheres com câncer de mama.

Como esses remédios reduzem o tumor?

A oncologista explica que essas medicações funcionam em um esquema do tipo “chave-fechadura”. Quando há quantidades aumentadas da proteína HER-2, o anticorpo do medicamento a detecta e é capaz de “desligar” o estímulo para crescimento da célula tumoral.

Esse tipo de tratamento é chamado de terapia-alvo e faz efeitos apenas nas mulheres com tumores do tipo HER-2 positivo.

Próximos passos

Ainda é cedo para extrapolar esse tratamento para a população em geral. Antes disso, é preciso que sejam feitos tratamentos a longo prazo, que identifiquem, por exemplo, se há aumento da sobrevida do paciente.

Para a oncologista, a importância dessa pesquisa está no achado que aponta que o tratamento com a dupla de medicamentos pode ser benéfico mesmo sem a associação da quimioterapia. Ela explica ainda que essa terapêutica poderá ser útil antes de cirurgias de retirada do tumor e não para que o tumor regrida até desaparecer.


Câncer de mama (Crédito: Reprodução)