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Oscar Niemeyer prepara-se para os 100 anos

Oscar Niemeyer prepara-se para os 100 anos

Em plena atividade, Oscar Niemeyer completa 100 anos de vida no pr?ximo s?bado. O que atrai o arquiteto brasileiro ? a curva livre e sensual, a curva que encontra nas montanhas do Brasil, no curso sinuoso de seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do c?u e no corpo da mulher preferida.

Este ? o cart?o de apresenta??o de Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares (Rio de Janeiro, 1907), um dos professores da arquitetura do s?culo 20 e pioneiro do modernismo, movimento cuja principal caracter?stica ? fazer da pr?pria vida uma obra de arte. "De curvas ? feito todo o universo, o universo curvo de Einstein", disse.

Criador de edif?cios brancos e fluidos, o ganhador do pr?mio Pritzker, o Nobel da Arquitetura, declara em seu site, para que n?o restem d?vidas: "N?o ? o ?ngulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflex?vel, criada pelo homem".

"De um tra?o nasce a arquitetura. E quando ele ? bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o n?vel superior de uma obra de arte", afirma o arquiteto, construtor e desenhista que em seus mais de 70 anos de carreira art?stica espalhou seu legado pelo mundo.

Esse momento de inspira??o, quando uma id?ia se imp?e e se eleva at? a categoria de obra de arte, ? o que Le Corbusier alcan?ou, segundo Niemeyer, quando desenhou o Centrosoyus de Moscou, Picasso, com o croqui de Guernica, Einstein, com sua teoria da relatividade, e Manuel Bandeira, com seu verso sobre a morte: "Encontrar? lavrado o campo, a casa limpa, a mesa posta, com cada coisa no seu lugar".

Aluno do renomado modernista brasileiro L?cio Costa e colaborador de Le Corbusier, Niemeyer sempre se manteve fiel a suas convic?es comunistas e n?o ocultou sua admira??o por Fidel Castro e a revolu??o cubana, "um exemplo para a Am?rica Latina".

Convencido de que "a vida ? mais importante que a arquitetura", porta-bandeira das estruturas curvil?neas e profundamente humanista, recomenda a seus colegas que se limitem ? aprendizagem de seu of?cio, que se dotem de cultura geral e que leiam os cl?ssicos e contempor?neos para compreender melhor sua ?poca.

"Sempre pensei que um arquiteto de talento deve saber desenhar e escrever. Ele n?o poder? fazer nada de grande ou de belo se n?o possuir essas duas qualidades", diz Niemeyer, cuja autobiografia acaba de ser publicada em ingl?s pela editora Phaidon.

O jornal The Guardian descreveu o livro como uma "obra espl?ndida" de "um homem sagaz que escreve sem hipocrisias e desenha como um anjo picassiano".

Na autobiografia, publicada primeiro em portugu?s e depois em franc?s, Niemeyer revela as paix?es da vida e que s?o a chave de sua arquitetura: a filosofia, sua grande fam?lia, seus amigos, a terra sensual e o c?u azul do Brasil, as mulheres, o comunismo, a arte e a literatura.

Sua prol?fica obra est? marcada pela constru??o de Bras?lia, cidade nascida do nada e da qual foi arquiteto-chefe.

Merecem destaque tamb?m o Museu de Arte Contempor?nea de Niter?i, a sede do Partido Comunista Franc?s, em Paris, o Centro Cultural de Le Havre, os escrit?rios da editora Mondadori em Mil?o e, em Argel, o zool?gico, a Universidade de Constantino e o Minist?rio de Assuntos Exteriores.

Niemeyer, que diz desprezar o dinheiro e que teria "vergonha de ser um homem rico", teve a generosidade de presentear Ast?rias (Espanha), em 2005, com o projeto de um centro cultural que levar? seu nome e que ficar? junto ? foz de Avil?s.

O arquiteto recebeu em 1989 o Pr?mio Pr?ncipe de Ast?rias pelo conjunto de sua obra.

O centro, cuja inaugura??o est? prevista para 2010, far? parte do que est? sendo chamado de "G8 da cultura", uma alian?a que incluir? o Centro Pompidou de Paris, o Barbican Center de Londres, o Lincoln Center de Nova York, a ?pera de Sydney, a Biblioteca de Alexandria, o F?rum Internacional de T?quio e o Centro Cultural de Hong Kong, com o objetivo de programar eventos de forma coordenada.