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Papa Bento XVI não vai renunciar, diz cardeal

Nichols disse que não existe nenhum “motivo forte” para uma renúncia

O líder da Igreja Católica na Inglaterra e no País de Gales, o arcebispo de Westminster, Vincent Nichols, disse à BBC que o papa Bento XVI não vai renunciar ao cargo diante da série de escândalos de abuso sexual infantil envolvendo clérigos em vários países.

Em entrevista neste domingo ao programa Andrew Marr Show, Nichols disse que não existe nenhum "motivo forte" para uma renúncia. "Pelo contrário, ele é, entre todos nós, quem vem combatendo esses problemas", afirmou o arcebispo.

Segundo Nichols, também foi Bento XVI quem introduziu mudanças nas leis da Igreja para proteger crianças. "Ele mudou a lei para que ofensas sexuais cometidas contra qualquer pessoa menor de 18 anos passassem a ser consideradas crime dentro da lei da Igreja", explicou.

Mais defesas

Nichols reconheceu como sendo "justificável" a "a irritação e a consternação" sobre o possível acobertamento dos casos de abuso sexual por padres.

Mas disse que as acusações do envolvimento do papa são "sem fundamento". "Nos documentos da Santa Sé não há nada que impeça bispos de reportar os crimes à polícia", afirmou. "Aliás, desde 2001, a Santa Sé tem pedido constantemente para que os bispos façam isso."

No sábado, um importante membro do Vaticano, o cardeal Walter Kasper, que chefia o conselho ecumênico da Igreja Católica, também defendeu XVI.

Kasper disse ao jornal italiano Corriere della Sera que foi o papa quem tomou atitudes que levaram ao processamento de vários casos de suspostos abusos sexuais por padres, quando ainda chefiava a Congregação para a Doutrina da Fé como cardeal Joseph Ratzinger.

Apesar da defesa dos cardeais, Bento XVI segue sendo criticado em vários países por causa dos escândalos e tem sido pressionado por ativistas a renunciar.

A polêmica em torno da Igreja Católica voltou à tona na semana passada, depois que o jornal americano The New York Times publicou uma reportagem dizendo que, em 1996, o cardeal Joseph Ratzinger, que veio a se tornar o papa Bento 16 em 2005, não respondeu a cartas vindas de clérigos americanos acusando um padre do Estado do Winsconsin de abusar sexualmente de até 200 menores deficientes auditivos.