Os bebês entendem conceitos como ?mais do que? e ?menos do que? e podem organizar informações, como números, espaço e tempo bem mais cedo e de formas mais complexas do que se imaginava até agora.
Para Stella Lourenço, professora de psicologia da Universidade Emory, nos Estados Unidos, e coautora da pesquisa, "o extraordinário é que eles só precisam ter uma experiência com qualquer um desses conceitos de quantidade para imaginar como são as outras [quantidades]?.
Stella colaborou com o neurocientista Matthew Longo, da Universidade College London no estudo, que será publicado na próxima edição da revista Ciência Psicológica.
A cientista focou a pesquisa no desenvolvimento da percepção espacial e em como ela se relaciona com outras dimensões cognitivas, como o processamento numérico e a percepção do tempo.
- Nossa descoberta sugere que o ser humano usa informações sobre quantidade para organizar sua experiência no mundo desde os primeiros meses de vida e que a quantidade parece ser uma ferramenta poderosa para fazer previsões sobre como os objetos deveriam se comportar.
Stella explica que ?é como se tivéssemos uma régua em nossas cabeças?. A equipe da pesquisadora criou um estudo que mostrava grupos de objetos em uma tela de computador para bebês de nove meses de idade. Como os nenês gostam de olhar para coisas novas, os pesquisadores queriam medir quanto tempo eles ficavam olhando para elas para entender como processam as informações.
Quando os bebês viam imagens de objetos maiores (pretos com listras) e objetos menores (brancos com pontos), se os mais numerosos eram brancos com pontos, os bebês ficavam olhando fixamente para a imagem mais tempo do que quando eram pretos com listras.
Segundo Stella, quando os bebês olham por mais tempopara um objeto isso significa que estão surpresos pela falta de congruência e parecem esperar que essas diferentes dimensões se relacionem no mundo. As descobertas sugerem que o ser humano pode nascer com um sistema generalizado de quantidades.
Stella conta que ?embora não nasçamos com esse sistema, parece que ele se desenvolve muito rápido?. A pesquisadora acrescenta que ?é impressionante como usamos as informações de quantidade para que o mundo faça sentido?.