Bolo de três andares, discoteca e muita decoração para quem já vive junto há 18 anos. É a primeira vez que vai acontecer, no Espírito Santo, segundo a Polícia Militar, uma união homoafetiva em que um dos parceiros é militar. Depois de um casamento e uma relação estável, Darli Manoel Manenti de Souza, de 47 anos, resolveu assumir o romance com o vendedor Antônio Pereira de Souza, de 48.
Cabo da Polícia Militar há 24 anos, Darli conta que os amigos de farda aceitaram a ideia sem preconceito. Mas, no começo, a principal preocupação do policial era a reação do comando. "Para mim, isso foi uma vitória", fala com toda felicidade.
O policial também mostrou como foram os preparativos para a festa. "São dois buquês, um para os solteirões encalhados e o outro para a mulherada. O casamento vai seguir todos os passos de um casamento heterossexual, inclusive o beijo na boca para selar a união", declara Darli.
O policial entrou com pedido de reconhecimento de união em outubro de 2010, antes mesmo do Supremo Tribunal Federal (STF) se mostrar favorável à união estável entre pessoas do mesmo sexo, em maio deste ano.
O casal conta também com o apoio da família. "Nossa felicidade depende da dele. Eles estão muito felizes, e nós também", afirma a irmã de Antônio, Maria Pereira de Souza. Mas, enquanto de um lado há o apoio de amigos e da família, do outro há a reprovação da Igreja. "A Igreja não aceita, prega contra e nós cremos que isso viola todos os princípios da família", declara o pastor Oliveira de Araújo, da 1ª Igreja Batista de Vitória. O arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, também se posicionou contra o casamento. "Nós obedecemos primeiro à Deus. Não haverá lei humana que vai obrigar a Igreja Católica a ferir os mandamentos da lei de Deus", afirma o arcebispo.
A cerimônia de Darli e Antônio foi realizada na noite deste sábado, no Clube Recreativo de Cabos e Soldados, no bairro Jardim Camburi, em Vitória.