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Remédio para emagrecer aumenta infarto

Relatório é da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes

Reeducação alimentar e prática de exercícios podem ser o segredo da boa forma, porém muitas pessoas acabam recorrendo a fórmulas rápidas. Os remédios de emagrecimento são uma tentação para quem quer perder os quilinhos indesejados. A sibutramina é um exemplo de componente de diversos medicamentos que são usados indiscriminadamente por homens e mulheres, principalmente jovens, sem prescrição médica. Pesquisa feita na Europa concluiu que a substância aumenta em 16% o risco de infarto e derrames em pacientes que a utilizam. No dia 21 de janeiro, a venda de remédios com a substância foi proibida no continente. No Brasil, o componente recebeu restrições de uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), órgão das Nações Unidas, aponta que o Brasil é o país que mais consome remédios para emagrecer no mundo. A sibutramina inibe o apetite e aumenta o gasto energético, mas são os efeitos colaterais em determinados usuários que preocupam os médicos. Os remédios podem causar gosto estranho na boca e boca seca, náusea, estômago irritado, constipação, problemas para dormir, tontura, cólicas menstruais, dor de cabeça, sonolência, dor nos músculos e articulações. Os efeitos mais preocupantes podem atingir os pacientes com distúrbios cardiovasculares.

O endocrinologista do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Iede), Ricardo Meirelles, explica que a indicação de remédios de emagrecimento deve ser analisada para cada caso.

"O tratamento para emagrecer através da ingestão de remédios deve ser individualizado. Os medicamentos devem ser prescritos criteriosamente a pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², e com IMC igual ou superior a 25 kg/m², acompanhado de outros fatores de risco, como a diabetes tipo 2 e hiperlipidemia", explica.

O endocrinologista garante que uma dieta saudável também pode trazer resultados positivos. A ingestão de remédios é indicada para pacientes que necessitam do auxílio no emagrecimento.

"O remédio deve ser adotado juntamente com hábitos saudáveis de vida, que compreendem alimentação equilibrada e atividade física regular. Para quem não tem o IMC superior aos valores considerados sobrepeso, não é recomendado tomar o medicamento", afirma Meirelles.

Para quem, mesmo assim, decidir não seguir a orientação dos médicos, é importante lembrar que a sibutramina é contra-indicada para pacientes com bulimia nervosa, anorexia nervosa, transtorno bipolar, abaixo de 18 anos de idade, hipertensão não suficientemente controlada, hipertensão pulmonar, lesões existentes nas válvulas cardíacas, doença coronária, hipertiroidismo, entre outros casos.

A Anvisa recomendou a contra indicação do uso de medicamentos à base de sibutramina para pacientes com que apresentem obesidade associada à existência, ou antecedentes pessoais, de doenças cardio e cerebrovasculares e também os que apresentem diabetes tipo 2 associada a mais um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Segundo a agência, sua Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) realizará nova avaliação do estudo, com o objetivo de investigar os níveis de segurança do medicamento em pacientes com perfis distintos dos já estudados, o que poderá levar a Anvisa a determinar outras medidas restritivas ao uso da substância.

No início da década de 80, a sibutramina foi desenvolvida como antidepressivo, agindo em áreas do cérebro que controlam não somente o humor e sensação de bem estar, como também o apetite. Em novembro de 1997, uma agência americana que controla a qualidade de alimentos e medicamentos, aprovou nos Estados Unidos o uso da substância para o controle do peso.