Rodrigo Sant"anna está fazendo um enorme sucesso interpretando uma mulher, a desbocada Valéria, em "Zorra Total". Mas por causa do figurino exagerado da personagem, pouca gente ainda conhece realmente o ator, que já tem 11 anos de carreira. Em entrevista ao EGO, o carioca, natural do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Zona Norte da cidade, falou sobre trabalho, vida pessoal e vaidade. E posou no Aterro do Flamengo, local onde gosta de se exercitar.
"Corria aqui todo dia, mas agora estou parado de tudo. Não malho há um mês e meio por falta de tempo. Já estou agoniado! Quero voltar. Sou um cara vaidoso. Não sou de passar cremes, fazer unha, mas faço exercícios e cuido da alimentação", diz.
Por causa da rotina intensa de trabalho - além do "Zorra", Rodrigo também está em cartaz no teatro todas as noites -, ele conta que não está com tempo para namorar, mas diz que nunca teve problema para fazer suas conquistas.
"Nunca tive problema para ficar com ninguém. Mas não tenho padrão. Às vezes estou pegador, às vezes, não. Agora, por exemplo, não estou pegando nada. Estou solteiro há um ano e dois meses. Já estou com saudade de namorar, de ter tempo de ir ao cinema e de outras coisas também (risos)."
Prova disso é que, mesmo se caracterizando de mulher, o ator ainda faz sucesso nas ruas. Ele conta que, por causa de seu outro personagem no humorístico, o Edmilson, ex-namorado de Lady Kate, já ouviu cantadas constrangedoras.
"Sempre rola assédio. Já ouvi até umas cantadas bem constrangedoras. As mulheres gostam do jeito canalha do Edmilson. Sempre ouço coisas como "gostoso" e "vamos ali para você me escangalhar", que é o bordão dele. Uma vez eu fiquei realmente sem jeito, quando passei por uma funcionária do aeroporto e ela ficou dizendo "Nossa mãe, nossa mãe... Como é gostosinho", bem alto. Mas normalmente levo numa boa", conta.
Infância pobre
Assim como Valéria e Edmilson, a maioria dos personagens de Rodrigo é bem popular. E, segundo o ator, sua maior inspiração vem da infância pobre. Até os 18 anos, ele morou com a madrinha na favela do Morro dos Macacos, porque a mãe tinha que trabalhar e não podia cuidar dele. Quando chegou à maioridade, ele foi viver com a mãe e a avó em Quintino, na Zona Norte carioca.
"Para o meu trabalho, foi fundamental ter essa levada da favela. Meu descompromisso vem dessa galera que não tem a vaidade de acertar socialmente. Que vê que está fora do peso, mas sai de top, que fala alto, que faz aniversário no ônibus... Acho isso genial! Uma característica fantástica. Senão, viramos fake. O povo é quem eu mais admiro. Porque eles cagam para tudo. São as pessoas mais sinceras", diz.
Atualmente, o ator mora em um apartamento alugado em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, mas sua família continua em Quintino. Com o trabalho, ele já conseguiu comprar um apartamento próprio, que aluga, mas ainda sonha em adquirir um imóvel para a mãe e, se possível, um apartamento de frente para o Aterro do Flamengo, um de seus locais preferidos na cidade.
Tímido, ele conta que, muitas vezes, se sente deslocado em meio a colegas do meio artístico e diz que, desde que escolheu ser ator, teve que conviver com um grande contraste social.
"Comecei a fazer Tablado aos 19 anos e depois fiz CAL. Lembro que ia fazer aula e ficava chocado quando via um colega ensaindo com uma blusa da Empório Armani, uma roupa que eu nunca usaria para nada a não ser para sair. Até hoje me sinto pouco à vontade. Um amigo meu diz que eu tenho complexo de inferioridade. Morro de medo que as pessoas achem que estou querendo aparecer ou chamar atenção. Quando vou a um evento, passo batido pelos fotógrafos. Nunca sei se eles me reconhecem...", conta.
Sucesso
Modéstia à parte, é inegável o sucesso que Rodrigo vem fazendo. Junto com a companheira Thalita Carauta, a Janete, ele alavancou a audiência do "Zorra Total" e, no teatro, vem fazendo uma média de dez apresentações por semana com a comédia, "Comício Gargalhada", em cartaz há um ano no Teatro dos Grandes Atores, na Barra mda Tijuca, Zona Oeste do Ruio. No fim deste mês, ele ainda reestreia "Os Suburbanos", no Teatro Miguel Falabella, no Méier, Zona Norte da cidade.
"Já estamos trabalhando há seis anos com "Os Suburbanos", e ele foi o nosso divisor de águas. Alcançou um sucesso grande e abriu as portas para o "Zorra". Com esse boom da Valéria e da Janete, ele ganhou nova proporção. Eu passei por muita coisa para chegar até aqui. Encapei sofá de cenário, dormi no teatro porque não tinha como voltar para casa, atuei para 10 pessoas, tive que cancelar peça por falta de público, fiz minha mãe pegar um empréstimo para financiar a peça... Subi degrau por degrau. Hoje, os teatros estão lotados. Isso é surreal! Para mim. esse é o reflexo do sucesso, muito mais do que qualquer assédio", comemora.