A novela da Globo subverteu a lógica de que o público das 18h é conservador e abusou do experimentalismo.
Com produção impecável, não só manteve a audiência como conquistou telespectadores que não estavam habituados ao horário.
A trama de Duca Rachid e Thelma Guedes bateu diversas vezes na casa dos 30 pontos, fato raro para a faixa nos últimos tempos.
Ganharam as autoras, que terminam a novela com prestígio em alta, a emissora, que provou que --quando quer-- sabe fazer produtos de qualidade, e, principalmente, o público, que se deliciou com as histórias de Brogodó e Seráfia e de seus moradores fantásticos.
Veja cinco fatores que tornaram a novela um sucesso:
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A ABERTURA
A novela se destacou por vários motivos, começando pela abertura. A animação com imagens que remetem à literatura de cordel tem tudo a ver com a temática sertaneja. Acompanhada pela bela canção "Minha Princesa", composta por Gilberto Gil e cantada por ele e por Roberta Sá, acabou se tornando uma das mais inventivas --e belas-- dos últimos tempos
O ELENCO
Fazia tempo que não se via na televisão um elenco tão inspirado. Todos os atores estavam bem em seus papéis. Houve críticas apenas no começo da trama ao sotaque "nordestino" do casal de protagonistas, mas nada que atrapalhasse o desempenho da novela. Destaque para Bruno Gagliasso, Débora Bloch (foto) e Domingos Montagner, que emocionaram o público.
Alex Carvalho/TV Globo
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O FIGURINO
Comandada pela figurinista Marie Salles, a equipe de artesãs e bordadeiras da própria Globo desenvolveu as peças usadas pelos personagens, incluindo os 720 vestidos usados pelas mulheres de Seráfia. Os acessórios também chamaram a atenção. As coroas estiveram entre os itens mais procurados na Central de Atendimento ao Telespectador da emissora.
Renato Rocha Miranda/TV Globo
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A FOTOGRAFIA
Primeira novela gravada em 24 quadros, a trama ficou com cara de cinema também pelo uso de lentes especiais. Houve ainda a ajuda das belas locações, na França e em Sergipe. O diretor de núcleo Ricardo Waddington chegou a afirmar no começo das gravações que a fábula da princesa Aurora (Bianca Bin) pedia um tratamento de imagem diferenciado.
O TEXTO
A mistura de elementos de cangaço e de contos de fadas deu liga. Duca Rachid e Thelma Guedes (foto) souberam costurar com delicadeza a colcha de citações, que foram de João Cabral de Melo Neto a "O Homem da Máscara de Ferro". Também foi encantador embarcar na fantasia das autoras por um tempo, fugindo do naturalismo da maioria das tramas atuais.