Bastou um vídeo íntimo cair na rede para trazer à mídia uma figura que estava sumida na TV desde 2010: Sérgio Hondjakoff. Aos 27 anos, o ator, que ganhou fama com seu personagem Cabeção, de "Malhação", hoje tem uma vida simples, longe da badalação e do glamour. Em entrevista ao EGO, Serginho fala de sua vontade de voltar a atuar, de seu desejo de ser pai e confessa que guarda brinquedinhos eróticos, como vibradores, em casa.
Você anda sumido das telinhas desde que terminou "Bela, A Feia", em 2010. Tem se dedicado a projetos pessoais? O que tem feito da vida?
Sérgio: Não tenho muita novidade, não. O que tenho feito é ir a Florianópolis visitar uma menina que é o grande amor da minha vida. Isso é o que tenho feito mais.
Está contratado por alguma emissora?
Sérgio: Não.
Quando você saiu de "Malhação", ficou um bom tempo sem fazer um papel de destaque. Acha falta de convite por parte dos diretores?
Sérgio: Não sei. "Bela, A feia" acabou em 2010 e não faz muito tempo isso. Mas também não penso muito nessas coisas, não. Fiquei muito tempo fazendo "Malhação" (de 2000 a 2006). Com isso, é difícil as pessoas quererem me colocar em uma novela atrás da outra. Eu fiquei como se fossem seis novelas seguidas no ar, só que na "Malhação".
Foi você quem optou por sair da "Malhação"? Queria descansar sua imagem?
Sérgio: Os diretores queriam que eu ficasse mais um pouco. Achavam que o Cabeção ainda poderia render mais algumas cenas com o Rafa (interpretado por Ícaro Silva). Eu me arrependo muito de não ter ficado. Mas eu quis sair porque eu estava querendo fazer uma peça do João Brandão na época. Ele era um dos autores que mais escrevia cenas legais para o Cabeção, diálogos engraçados. Ele foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso do personagem. Também estava contratado por mais três anos (até dezembro de 2008) e estava na esperança de sair para fazer outra novela.
Do que mais você se arrepende?
Sérgio: Me arrependo, fico triste porque dá saudade de um trabalho que gostei muito de ter feito e que me deu muita alegria. Eu gostaria de ter ficado mais para ter feito mais cenas legais, porque sei lá, eu teria contracenado mais com Java Mayan, Bernardo Mendes. Mas foi bom também porque fiz essa peça que falei. Três meses depois da "Malhação", eu recebi o convite para fazer "Pé na Jaca" de 2006 até 2007. Teoricamente, o personagem de "Pé na Jaca" era para ter sido um dos melhores papéis da minha vida, porque era para eu ser amigo do Marcelo Adnet na trama, mas a gente não tinha espaço. A novela girava em torno dos personagens principais e acabou que a dupla nem rolou. Meu personagem quis virar padre, seminarista e aí não tinha muito a ver com a história. Acabou que ele virou gay no final. Mas a novela em si era boa, muita gente gostava. Depois, eu fiz participações em vários programas da globo em 2008: "Didi", "Casos e Acasos", "Toma Lá dá cá", um quadro no "Fantástico", "Guerra e Paz" e alguns outros.
O Cabeção foi o grande personagem da sua vida?
Sérgio: Acho que sim. O Cabeção era uma incógnita porque eu nunca sabia se ia ficar para a próxima temporada ou não. Nunca sabia se estava agradando de verdade. Nos primeiros anos, as pessoas reconheciam meu trabalho nas ruas e isso durou um bom tempo. Na novela "Bela, A Feia", também fiquei orgulhoso, deu muita alegria de ter feito, apesar de não ter muita gente comentando nada comigo. Pouquíssimas pessoas chegaram para mim e falaram: "Caramba! Você que faz "Bela, A Feia"! Só criancinhas de quatro, cinco anos que me reconheciam. Mas foi bem legal porque casei na novela, o personagem era mais maduro, foi uma honra. Foi um papel de galã, que não tinha muito de comédia.
Acha que ficou afastado, sem fazer outras novelas na Globo, por algum motivo especial?
Sérgio: Nunca dei trabalho para equipe das novelas na hora de gravar. Nunca atrasei na minha vida, só por causa do trânsito, também nunca faltei às gravações. Acho que por isso fiquei tanto tempo na "Malhação", porque sempre fui um funcionário padrão da Rede Globo. Sempre evitei dar problemas para a produção da "Malhação", tanto que eles sempre me ajudaram quando eu precisava de alguma coisa, tipo aula particular e outras coisas. Eles gostavam do meu trabalho e do meu estilo como profissional. Na Globo, nunca tive problema nenhum. Nem em "Pé na Jaca" dei trabalho. A única coisa de ruim foi que meu personagem não vingou, fiquei bastante tempo sem gravar. A história fugiu da sinopse e meu personagem acabou saindo prejudicado.
Sente falta de estar contratado por alguma emissora?
Sérgio: Como Ricardo Waddington diz: "Cada um tem o que merece e tudo tem sem tempo". Tive um personagem que me deu muitas alegrias, mas tenho sonho de fazer mais coisas. Eu gostaria de estar trabalhando, de estar fazendo uma novela atrás da outra, com certeza. Tenho sonho de voltar para a Globo um dia. Hoje não estou correndo muito atrás, mas não quero cair no esquecimento. O Cauã Reymond, por exemplo, depois que saiu da "Malhação", já deve ter feito umas oito novelas. Não querendo me comparar a ninguém, porque cada um tem um jeito e como contribuir com seu trabalho, uns mais que os outros, mas eu gostaria muito de estar lá, fazer alguma produção.
O que acha que poderia ter feito de diferente?
Sérgio: Tenho várias teorias. Costumo dizer que a "Malhação" é a ultima cidade cenográfica do Projac. É lá no fim do mundo, é esquecido. E os diretores ficam nos módulos centrais. Eu fiquei seis anos lá longe, chegando de manhã e indo embora à noite, quando todo mundo já tinha ido pra casa. Não tive muita oportunidade de conhecer diretores e autores das outras novelas, apenas os que passaram por "Malhação". Até tive a chance de ficar no programa do Didi, mas queria parar de fazer o Cabeção porque sabia que se diretores como o Wolf Maia soubessem da minha existência, eles poderiam achar que eu só sabia fazer aquilo, entende? Às vezes fico olhando os programas da Globo e vendo como eu poderia contribuir para cada um. O "Zorra Total", por exemplo, eu acho magnífico. Tem atores muito bons, mas eu ainda não tenho nenhum personagem maneiro para fazer.
Você está procurando emprego?
Sérgio: Não tenho corrido atrás. Eu tenho sonho de voltar, mas no momento não estou vendo isso. Estou focado em pesquisa de texto, descobrir que texto cômico eu gostaria de fazer. Se eu fosse fazer um monólogo, que texto seria, entende? Tenho ideia de fazer peças. Também tenho um projeto de internet com curiosidades, que vou tentar divulgar nas redes sociais só para ir treinando minha memória, decorar uns textos de vez em quando. E para fazer algum dinheiro porque estou desempregado, ganhando zero reais por mês.
Como você está se mantendo, já que não está ganhando dinheiro?
Sérgio: (risos) Até pouco tempo eu estava ganhando dinheiro. Eu não gasto muito, não. No momento, eu estou morando sozinho e não estou gastando muito. Nesses últimos três anos eu estava muito caseiro, morando junto com minha ex. Eu me alimento com coisas simples, não muito caras, não tenho muita extravagância. Também tenho feito participações no teatro, em eventos, como presença vip, e também sobrevivo com dinheiro que juntei. Desde fevereiro que não estou ganhando nada, mas já estou com uns projetos e vou começar a ganhar algum dinheiro novamente.
Você passou pelas crises da adolescência ?
Sérgio: Não. Foi momento muito mágico. Comecei a fazer novela na Globo com 13 anos em "Meu bem querer", idade que muitas crianças não estão trabalhando. Com 15, entrei na "Malhação" e fiquei até os 21. Minha formação de caráter veio toda dali, convivendo com aqueles atores. Tem o lado bom do profissionalismo, amadureci cedo, fui precoce. Mas por outro lado, foi ruim por ter feito o mesmo personagem a vida inteira. Me sinto um pouco moleque, adolescente. Para você ver, até o tom de voz que eu falo é de adolescente e olha que já estou com 27 anos. Não era para falar nesse tom de voz, não sou mais uma criança. O Cabeção me deixou isso, me deixou a marca de adolescente para sempre. Às vezes, até esqueço que estou com quase 30.
Teve contato com as drogas?
Sérgio: Tem um vídeo no Youtube de 2005, no qual eu apareço bêbado. Foi a única vez que alguma droga me prejudicou. Na verdade, eu nem estava bêbado, estava fingindo e a repórter editou como ela quis, ela fez várias perguntas, mas só colocou as minhas respostas. Como tinha um som alto atrás, eu falei devagar e acho que ela ainda retardou minha voz e me sacaneou. Aí fiquei com a maior fama de pinguço. Pô, nem bebo! Nem tenho o costume de ir para bar beber. Bebo normalmente, uma cerveja e tal, mas nessa época não tinha esse costume.
E por falar em vídeo, o que você tem a dizer sobre o seu vídeo íntimo que caiu na rede recentemente?
Sérgio: Isso aí foi um golpe. Era um vídeo que eu estava vendo e aparecia uma mulher com um vibrador semelhante aquele que eu tenho.
E para que você tem um vibrador em casa?
Sérgio: Para usar! Para enfiar nos orifícios, ué. Não vou falar que eu enfio no meu que pega mal. Mas aquilo lá foi quando eu era casado, aí eu comprei para apimentar o relacionamento em meados de 2009. Comprei com a minha namorada em um sexshop de Copacabana alguns brinquedinhos e aquele lá foi um deles.
Então você está afirmando que não era para uso próprio?
Sérgio: Não era para uso próprio. Até porque ele é meio mole.
Você percebeu que estava caindo em um golpe?
Sérgio: Na hora, me lembro que até comentei com meu pai que tinha visto uma mulher muito gata na internet, mas tinha achado alguma coisa estranha. No início, achei que fosse alguma fã querendo me ver na webcam, aí eu abri a webcam e logo que abri, vi uma mulher de hobby e mostrando o peito. Quando ela levantava, que eu via o quadril dela, eu fiquei enlouquecido e comecei a interagir. Era tudo muito orquestrado, quando a mulher aparecia escrevendo no teclado, aparecia mensagem para mim no MSN, ao mesmo tempo. Eu acreditei que era uma pessoa de verdade, de repente até era. Eu sei que eu pedia para ela fazer algumas coisas e ela não fazia. Tipo levanta, desce, pula, planta bananeira e ela não fazia. Ela só fazia o que ela queria e falava na hora que tinha que falar. Mas tinha momentos em que aparecia coisa escrita na tela e a mulher não estava escrevendo, aí que comecei a achar estranho. Depois fiquei desacreditado e vi que estava caindo em um golpe.
Mas parece que as pessoas não elogiaram a sua performance no vídeo, o que achou disso?
Sérgio: Os gays gostaram, né? (risos). Não sei se acharam engraçado ou se realmente gostaram, em termos de sex appeal. Agora, sem brincadeira, eu não acreditei quando me falaram do vídeo, não acreditei mesmo. Fiquei mais tranquilo quando alguns amigos falaram que depois de 15 dias iam esquecer essa história. Mas fiquei tentando entender por que estava na internet, já que o vídeo tem bastante tempo.
Você ficou chateado?
Sérgio: Bastante! Eu achei horrível, péssimo. Fiquei muito triste nos primeiros dias, muito mal. Estava arrasado. Agora estou assimilando esses comentários que surgiram falando que eu era homossexual, porque fiquei bem triste com isso. Eu sou heterossexual e quero me casar e ter com a Tamara Klippel (modelo de Florianópolis com quem manteve relacionamento de quase quatro anos). Desde o carnaval estamos separados, mas ela é a mulher da minha vida, com quem quero casar e ter filhos. São muitos anos de relacionamento, ela é minha grande companheira. Foi a única menina que já me proporcionou essa alegria de morar junto e tal. Sempre me ajudou muito, muito prestativa, muito bonita.
Mas você ainda é novo. Por que acha que chegou o momento de casar e ter filhos?
Sérgio: Na verdade, eu sempre quis isso. Desde os 21 anos eu queria ter filhos e meus amigos todos já têm filhos crescidos. Eu sou um dos únicos que não tem. Quero ter a minha família, dá uma certa alegria pensar nisso. Acho muito gostoso a vida de casado, sou caseiro. Gosto de ficar em casa vendo televisão, jogando videogame... Mas também tenho vida social.
Tem saído, praticado esportes?
Sérgio: Não muito. Agora, não, porque estou com uma hérnia de disco bem pequena, nada grave. Mas antes eu fazia corrida. Eu agora quero fazer tudo na água, até jiu jitsu se puder. Quando estava fazendo o galãzinho em "Bela, A feia", eu estava malhando direto e já estava cheio de dores, aí agravou ainda mais.
Você contou que já fez papel de galã, mas você se considera um?
Sérgio: Um galã meio acabado, só se for! (risos). Quando eu era adolescente eu era muito bonitinho. Agora é meio chocante ver que estou com umas bolsas debaixo do olho, que estou com uma ruguinha aqui outra ali. Quando criança, eu era magrinho e o rostinho era perfeitinho. Eu era um principezinho.