Pivô da polêmica no Club Athletico Paulistano, o casal Ricardo Tapajós, 45 anos, e Mário Warde, 39, conversou com Terra Magazine sobre a decisão da entidade, que negou a possibilidade de Mário ser incluído como dependente de Ricardo na instituição. Médicos, os dois vivem juntos há seis anos e afirmam não ter problemas para assumir a orientação sexual.
Para ambos, o clube se posicionou de forma preconceituosa e se furtou do papel de formador de opinião, esquivando-se da discussão sobre o tema.
- O clube se baseou de forma exímia na ausência lei. Na verdade, não temos lei. O código Civil prevê uma união estável como uma forma de relação entre um homem e uma mulher. Eles se embasaram na omissão do estatuto da entidade, que não fala nem que sim nem que não, para concluírem algo que é instransponível, que é: "Não somos obrigados a te aceitar". Então, entrar na Justiça agora significa perder.
Ricardo reforça que houve discriminação por parte da entidade:
Se não deixam meu marido entrar e há um estatuto que não proíbe a entrada dele e ele, cumpre os requisitos de papel passado em cartório, marido, testemunhas do clube, é uma pessoa de gabarito dentro da concepção do clube... Por que não deixaram meu marido entrar? Porque somos um casal homoafetivo. Se isso não é discriminação, então, o que é?
Abalado com a decisão, Mário desabafa:
-Pela primeira vez na vida, eu me senti discriminado. Eu senti o preconceito na minha cara. Foram 148 votos contra e dois, a favor. Fiquei chateado, porque nós somos unidade familiar. Ricardo tem dois filhos e eu, uma filha. Final de semana sim, final de semana não, estamos nós cinco, comungando dos mesmos projetos. Sou muito mais família do que a maioria hipócrita que está dentro daquele clube. Isso tem que remoldar as traves de pensamento de muito gente. Tenho mais fé e sou muito mais católico do que muita gente que não pratica. Quando isso vai ser resolvido definitivamente?