Elas podem danificar neurônios e desencadear males como a depressão, diz estudo Pesquisadores da Universidade de Chicago (EUA) revelam que a solidão altera as funções cerebrais de maneira tão nociva quanto os componentes do cigarro.
O estudo testou pessoas bastante sociáveis e outras que sofriam de solidão. Das 23 voluntárias americanas, não-fumantes, que passavam por exames de ressonância magnética, enquanto eram expostas a imagens e sons que remetiam a solidão, 15 delas mostraram-se solitárias e apresentaram menor ritmo de atividade na zona cerebral chamada de estriato ventral.
A reação é semelhante a ação da nicotina no organismo. O estriato ventral é uma região importante do cérebro, ligada ao aprendizado e as emoções, que é ativada por estímulos, que os especialistas chamam de recompensas primárias (como a comida) e recompensas secundárias (como o dinheiro). As outras 8 participantes, que não sofriam de solidão, tiveram a mesma região do cérebro ativada e não apresentaram nenhum sintoma semelhante ao produzido pelo cigarro no organismo.
Quando expostos à nicotina, os neurônios atuantes no estriato ventral desaceleram suas atividades e isso provoca sintomas como depressão, aumento do estresse e da pressão sanguínea, além de elevar as chances de uma pessoa desenvolver o Mal de Alzheimer. De acordo com os cientistas, o problema é que, assim como a nicotina, a solidão causa uma sensação falsa do alívio destes sintomas e o paciente acaba se isolando sem perceber que é essa a causa dos problemas. Silvia Maria Cury, psicóloga e coordenadora dos programas de Controle do Fumo do Hospital do Coração explica que o cigarro e as doenças "emocionais" estão intrinsecamente ligados. "Geralmente os pacientes procuram o fumo como forma de aliviar sensações como a solidão, ou, sofreram do processo inverso, desenvolveram problemas emocionais depois de começarem a fumar", diz ela.