No início deste ano, quando a Justiça brasileira determinou a realização do exame de DNA por parte do jogador Ronaldo Nazário no processo de reconhecimento de paternidade do menino Alexander Umezu, a estudante Michele Umezu, de 28 anos, mãe do garoto, decidiu deixar Cingapura, onde vivia, e voltar ao Brasil para estar por perto assim que o exame fosse marcado.
Michele chegou ao país no final de abril e teve que aguardar o julgamento de dois recursos movidos pelo jogador - e depois julgados improcedentes -, até o pedido do exame ser aprovado novamente pela Justiça, e que deve ser marcado até o fim do ano.
Desde então, ela e o menino ? que seria fruto de um breve romance dela com o atleta em agosto de 2004 ?, tentam se adaptar ao Brasil. Atualmente, Michele mora de favor na casa da irmã, em São Paulo, começou a trabalhar como esteticista e se dedica a ensinar palavras em português para o filho, que só tinha vindo ao Brasil quando era bebê.
?Ele tenta brincar com os amiguinhos, mas tem a barreira da fala. Mas, mesmo assim, ele consegue conquistar amizades. O Alex é muito comunicativo e adora brincar?, conta ela em entrevista concedida ao EGO. Já Ronaldo não quis se pronunciar. Procurada pela resportagem, a assessoria de imprensa do jogador disse que "ele só fala publicamente de trabalho, por isso não se manifestará a respeito desse assunto".
A irmã do craque, Yone Nazário, tenta justificar a postura de Ronaldo. "Ele está se defendendo, fazendo a parte dele. Quando um filho é planejado, é uma coisa. Mas quando a situação é como essa, é diferente, complicado. No entanto, se o filho for dele, conhecendo o caráter dele, sei que vai assumir", emendou ela.
Confira a entrevista de Michele Umezu para o EGO:
Arquivo pessoal/Arquivo Pessoal
No Brasil, Alexander tenta aprender português e fazer novas amizades
EGO: Como está a sua expectativa para a realização do exame de DNA?
MICHELE UMEZU: Na verdade, essa ação corre em segredo de justiça e meus advogados me orientaram a não falar sobre o assunto. Mas torço para que as coisas se resolvam de maneira rápida. Na verdade, tudo o que envolve meu filho é de imensa importância.
Como foi voltar ao Brasil depois de tanto tempo?
Foi muito emocionante. Saí daqui muito nova, com minha família, na década de 90, quando a situação econômica era bastante difícil. Voltar a viver no meu país, ouvindo a minha língua, sentindo o jeito brasileiro de viver é muito bom. Mas a adaptação também é difícil. Foram muitos anos no Oriente, onde os costumes são bastante rígidos. Mas estou bem feliz de retornar.
Onde está morando atualmente?
Moro atualmente com minha irmã, que está me acolhendo com muito carinho. Ainda não pude montar um lar para meu filho, pois ainda não tive condições. Estou no Brasil há poucos meses e só agora comecei a trabalhar com visagismo facial. Estou bastante animada com as perspectivas de trabalho, mas sei que é difícil, muito difícil.
O que deixou para trás em Cingapura?
Deixei uma vida! Amigos, trabalho, casa... Mas minha família está aqui! Posso contar com as pessoas que eu amo de verdade e que são muito importantes para meu filho também.
É a primeira vez que o Alexander vem ao Brasil? Como está sendo a adaptação dele por aqui?
O Alex já veio para o Brasil quando era bebê. A adaptação das crianças é mais fácil que a dos adultos, mas, mesmo assim, acho que há sofrimento, pois há perda de tudo o que ficou para trás. Ele tenta brincar com os amiguinhos, mas tem a barreira da fala. Ele não falava português quando chegou, em abril. Está aprendendo agora. Mas, mesmo assim, ele consegue conquistar amizades. O Alex é muito comunicativo e adora brincar.
Qual a relação dele com esse assunto? Ele fala em conhecer o Ronaldo, por exemplo?
Tento preservar meu filho. Mas também acredito que educação anda junto com a verdade. Ele sabe de sua origem e acha normal, pois convive com ela desde muito pequeno. É evidente que quer conhecer o pai biológico dele. Na verdade, esse é um direito que ele tem.
Tem esperança de que ele um dia queira conhecer o Alexander e ter uma relação de pai e filho com o menino?
Não posso adivinhar o que vai no coração das pessoas. Só posso dizer que conhecer e conviver com o Alex é um privilégio! Eu, pelo menos, me sinto privilegiada de ser mãe dele.
O que acha dessa demora do Ronaldo para fazer o exame?
Realmente não posso falar de nada que esteja relacionado ao processo. Posso falar de maneira geral. Acredito que muita coisa mudou no Brasil. Hoje, a mulher é mais respeitada e há leis que defendem especialmente as crianças. Agora, o pai que não quer assumir suas responsabilidades acaba prejudicando a si mesmo, porque uma nova lei diz que quem se recusa a fazer o exame de DNA será presumido como pai. Então, a recusa de fazer o exame só causa má impressão. Nada mais. Esse pai ainda por cima perde coisas muito mais importantes, que têm muito mais valor, do que a pensão que quer evitar pagar. Perde a chance de ver seu filho crescer!
Depois que resolver a questão do processo de paternidade, pretende continuar vivendo por aqui ou quer voltar para Cingapura?
Tenho a intenção de continuar no Brasil, se tiver meios para ficar. Adoro o carinho do brasileiro, adoro o sol e quero que meu filho, que é cidadão brasileiro, tenha essa oportunidade de viver aqui.
Como responderia a pessoas que leram o caso aqui no Brasil e te rotularam como interesseira?
Não tenho interesse de responder a ninguém. Acho que as pessoas que não me conhecem não têm dados para julgar. Falar mal é sempre fácil, não é?